São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997 |
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Com 'bad boys', Vasco disputa liderança
DA SUCURSAL DO RIO Comandado fora de campo pelo mais polêmico dirigente do futebol brasileiro (Eurico Miranda), treinado por um ex-delegado da Polícia Civil do Rio (Antônio Lopes) e tendo como estrela um atacante conhecido como Animal (Edmundo), o Vasco tenta hoje assumir a liderança do Campeonato Brasileiro.A equipe enfrenta o Cruzeiro, no Mineirão, ostentando o melhor desempenho entre os 26 competidores (70,4% de aproveitamento). Com 38 pontos em 18 jogos, o clube persegue o líder Internacional, que ganhou 39 em 20 partidas. O Cruzeiro vai testar uma nova defesa (leia texto abaixo). O Vasco anima sua campanha com brincadeiras e camaradagem, internamente, e com ares de mau humor para o público externo. Edmundo não dá entrevistas coletivas desde que chamou o árbitro cearense Dacildo Mourão de "paraíba" e responsabilizou jornalistas por seu afastamento da seleção brasileira. "Só volto a falar quando a imprensa me botar de novo na seleção", afirmou. Jogando, ele é um sucesso: marcou 17 gols na competição e lidera a artilharia. Apesar do sucesso, discutiu em campo com o meia Juninho e disse que o técnico tiraria o companheiro de campo. No segundo tempo, Lopes substituiu Juninho. O técnico não gosta de falar do seu passado de policial. Ele deixou a polícia, já na década de 90, quando era delegado. Como raramente sorri em público, é tido como carrancudo. Atualmente, está proibido de sentar no banco -foi suspenso por reclamar do árbitro Dacildo Mourão. Lopes fica numa cabine e transmite, por celular, orientações para o auxiliar Alcir Portela. O treinador chegou ao Vasco pela primeira vez em 1974, quando foi auxiliar. Na época de polícia, organizava torneios, nos quais era um esforçado atacante. O dirigente do futebol do Vasco também não esbanja alegria -às vezes, parece vice-presidente de um clube em situação difícil. Embora esteja empenhado na Câmara (é deputado federal pelo PPB-RJ) no combate ao projeto de lei do ministro Pelé (Esportes), Eurico Miranda raramente deixa de assistir ao vivo a uma partida do seu time. Interesse Foi ele quem decidiu contratar Mauro Galvão e Evair, reforços determinantes para a boa campanha no Brasileiro. "Nunca contratei um atleta a pedido de algum técnico. Para dizer a verdade, fiz isso uma vez e me dei mal. Aqui, assumo a responsabilidade pelas contratações." A oposição vascaína acusa Eurico Miranda de ter reforçado a equipe com intuito exclusivamente político: em novembro, haverá eleição no clube. No ano que vem, o deputado busca a reeleição. Nos últimos dias, Miranda tem recorrido, em programas de TV, a um recurso pouco ortodoxo a favor de suas teses: especular sobre a sexualidade de jornalistas. Ele e todos no clube são unânimes ao apontar a contratação de atletas mais experientes como fundamental para o desempenho no campeonato. Além de Evair e Mauro Galvão, chegaram Válber, César Prates e outros. Texto Anterior: Mágico 1; Hollywood urgente Próximo Texto: Artilheiro vai à Fiorentina em dezembro Índice |
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