São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Queremos ser ouvidos, pedem clubes em campanha

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os maiores clubes do país já traçaram a estratégia da campanha publicitária que levarão ao ar anunciando sua posição em relação ao projeto da lei Pelé.
O mote da campanha será: "Numa jogada dessa, os clubes não podem ficar de fora. Queremos ser ouvidos".
O conceito reflete a mudança de postura dos clubes, que inicialmente demonstravam que iriam partir para o confronto com Pelé. Agora, alegam que foram preteridos da elaboração do projeto e reclamam espaço para discussão.
"Não fomos ouvidos na elaboração do projeto. Nunca fui convidado para uma reunião e temos contribuição a dar", disse o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff.
Um dos assessores mais próximos de Pelé, Hélio Vianna, conselheiro do Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), disse que os clubes foram convidados para várias reuniões, mas não foram a nenhuma.
A campanha publicitária foi apresentada aos clubes em reunião anteontem na sede da agência Ammirati Puris Lintas, em São Paulo.
Participaram do encontro representantes do Paraná Clube, do Internacional, do Palmeiras, do São Paulo e do Cruzeiro, além de Koff.
Um dos anúncios que teve boa recepção do grupo mostra uma bola de futebol quadrada, e a mensagem: "Não queremos furar a lei. Só queremos arredondá-la".
Anúncio semelhante foi criado para a TV. Com recursos de computação gráfica, uma bola começa o filme quadrada e, conforme o locutor vai explicando a posição dos clubes em relação ao projeto, vai tomando a forma arredondada. No final, o mesmo bordão do anúncio para impressos.
Embora tenham deixado claro que são contrários a alguns dos principais pontos do projeto, como a criação do clube-empresa e a extinção do passe, os clubes já afirmam que não são oposição à Pelé.
Os publicitários foram fundamentais na metamorfose, pois julgam que o papel de críticos de Pelé não é bem aceito na opinião pública. "O que parece é que os clubes não querem mudar nada, o que não é verdade. Eles querem contribuir", disse Roberto Philomena, vice-presidente de criação da Lintas e coordenador da campanha.
A idéia inicial é que a campanha começasse a ser veiculada no final da semana passada, mas o prazo foi adiado para o final da próxima semana. A campanha agradou aos dirigentes, que a aprovaram informalmente. Na próxima segunda, uma reunião com os 26 clubes da primeira divisão do Brasileiro irá referendar a aprovação.
Os clubes terão direitos, por acordo assinado com as redes Globo e Bandeirantes, de espaços gratuitos para veiculação de anúncios nas duas emissoras. Também serão veiculados anúncios em jornais e rádios. A campanha deverá ficar no ar "entre 20 dias e um mês", segundo Ernani Buchmann, do Paraná, que diz que os custos variarão de acordo com o período de veiculação e tipo de anúncios, podendo chegar a US$ 3 milhões.

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