São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Convenção tenta conter desertificação

DA "FRANCE PRESSE"

Cem países iniciaram ontem em Roma a primeira reunião da Convenção das Nações Unidas contra a Desertificação. O fenômeno ameaça 1 bilhão de pessoas em todo o mundo e se deve muito mais à ação do homem do que às mudanças climáticas naturais da Terra. Cerca de 25% das terras do planeta são afetadas pela desertificação.
A reunião segue até amanhã e deve adotar um "mecanismo global" para que suas conclusões sejam seguidas pelos países participantes.
Mas três dos países mais importantes -EUA, Japão e Rússia- estão ausentes. Os dois primeiros argumentam que esta seria apenas uma "convenção a mais" da ONU enquanto a Rússia não se considera afetada pelo problema da desertificação.
A Convenção, que teve origem em 1977, encontra muitos problemas na sua implementação, talvez por atender primeiro aos países em desenvolvimento.
Em 1991, os ministros africanos do Ambiente pediram um compromisso internacional sobre o assunto, mas no ano seguinte, no Rio, a Eco-92 se limitou a fazer recomendações genéricas.
Em 1994, com a assinatura de 115 países, foi criada a Convenção, que entrou em vigor no final do ano passado.
Agora só falta dar vida ao acordo. A cidade de Bonn (Alemanha), onde já se encontra a sede da convenção sobre as mudanças climáticas, foi eleita como sede da Secretaria Geral. A sensibilidade ecológica mostrada pelos alemães e recursos financeiros generosos convenceram os delegados.
O objetivo da Convenção é proporcionar uma melhor gestão dos recursos naturais para recuperar as terras degradadas e evitar que zonas áridas se transformem em deserto.
A prioridade da reunião em Roma, na qual participam ministros do Ambiente, é definir o modo de financiamento dos numerosos projetos já existentes. Para isso, os governos devem determinar as funções e as modalidades de um "mecanismo mundial" encarregado de mobilizar os recursos.
Especialistas como o americano Richard Benedick sugerem que se deve seguir o modelo do protocolo de Montreal sobre a proteção da camada de ozônio: um fundo que é alimentado por doações dos setores públicos e privados.
O sueco Bo Kjerllen, um dos principais responsáveis pela Convenção, junto com Arba Diallo, de Burkina Fasso, instou os países afetados a tomarem a iniciativa de lançar seu próprio programa nacional e criar seu próprio fundo. Também insistiu que é "urgente" atuar na África, um dos continentes mais afetados.
Mas todos os continentes são vítimas da desertificação. Cerca de dois terços das terras áridas destinadas à agricultura já estão degradadas. Ainda que a seca agrave a degradação das terras áridas, as atividades humanas são as principais responsáveis pela desertificação, em especial o corte de árvores, o pastoreio excessivo e a exploração exagerada ou inadequada das terras cultiváveis.

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