São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Mudança de voto de 4 deputados salva Paulo Afonso de impeachment

FÁBIO ZANINI FLÁVIO ARANTES

FLÁVIO ARANTES, FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Dois pefelistas se ausentam do plenário, pedetista vota contra e tucano se abstém
A Assembléia Legislativa de Santa Catarina arquivou ontem o processo de impeachment do governador Paulo Afonso Vieira (PMDB).
O parecer da Comissão Especial Processante, que recomendava a condenação do governador, recebeu 25 votos favoráveis, dois a menos que o mínimo necessário.
Para afastar temporariamente Vieira, a oposição precisaria de 27 votos, o equivalente a dois terços do total de 40 deputados.
Votaram contra 12 deputados, 1 se absteve e 2 não compareceram à sessão da Assembléia.
O governador conseguiu escapar devido à mudança de posição de quatro deputados estaduais, que integram bancadas da oposição.
Na primeira votação do processo, em 30 de junho, eles manifestaram-se favoravelmente ao impeachment, que recebeu, na ocasião, 29 votos.
Ontem, Jaime Mantelli (PDT), que havia recomendado o impeachment quando era relator do processo, juntou-se aos 11 deputados do PMDB e votou contra.
Onofre Agostini -líder da bancada- e Ciro Roza chegaram a estar presentes à reunião, mas ausentaram-se na hora da votação. O tucano Jorginho Melo absteve-se.
Com a rejeição do relatório, o processo político encerra-se automaticamente, mas ele continua a correr na Justiça comum.
Vieira é suspeito de ter praticado irregularidades na emissão de títulos públicos para o pagamento de precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais).
Também foram encerrados os processos de cassação dos direitos políticos do ex-secretário de Fazenda Paulo Paraíso e do ex-procurador-geral do Estado João Carlos Hohendorff, que tiveram participação na emissão dos títulos.
O processo relativo ao vice-governador José Augusto Hulse (PMDB) foi suspenso até que o Supremo Tribunal Federal se manifeste quanto ao quórum necessário para sua abertura.
A sessão na Assembléia foi tumultuada e tensa. A posição dos deputados Mantelli e Melo foi revelada apenas na hora da votação e foi bastante comemorada pelos governistas.
Logo após a votação, às 13h25, Vieira comemorou com um grupo de cerca de mil simpatizantes.
"Depois de quase um ano de muita luta, estamos reencontrando a paz", declarou o governador, em meio ao estouro de fogos.
À oposição, frustrada, restaram os protestos: "Perdemos uma grande oportunidade de fazer justiça. Agora, resta o julgamento nas urnas no ano que vem", disse o presidente da Assembléia, Francisco Kuster (PSDB).
A "tropa de choque" do governador disse estar aliviada. "É hora de desvestir a pesada casaca do impeachment e tocar em frente o governo", declarou o líder do PMDB, Sergio Silva.
Protestos bem-humorados, bate-bocas e muita tensão marcaram as mais de quatro horas de duração da sessão extraordinária. A sessão foi aberta, às 9h10, com discursos dos parlamentares.
Pouco depois, chegaram ao plenário os dois deputados do PFL que acabaram votando com o governo, Onofre Agostini e Ciro Roza. A dúvida quanto ao voto deles foi desfeita em um pronunciamento de Roza.

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