São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Governo não fiscaliza hemocentro privado

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O médico Helio Moraes, novo coordenador de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, disse ontem que aproximadamente 15% do sangue coletado no país não passa por nenhum tipo de fiscalização.
Esse número corresponde ao sangue que é coletado pelos serviços privados que não são ligados ao SUS (Sistema Único de Saúde) e, por isso, não estão cadastrados na rede de hemoterapia. A legislação atual não permite fiscalização nesses locais.
Caso a Vigilância Sanitária entre nesses serviços e constate irregularidades, não pode autuar.
"Há necessidade de enquadrar os serviços privados na rede. Por lei, eles são obrigados a realizar os nove testes sorológicos previstos na portaria 1.376/93, mas não é possível verificar se eles de fato realizam. É uma excrescência que deve ser corrigida", disse Moraes.
O ministério deve anunciar nos próximos dias uma portaria permitindo que a Vigilância Sanitária passe a fiscalizar os bancos de sangue dos hospitais privados.
Moraes ressaltou que nesses 15% há serviços de excelência reconhecida, como os dos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês.
"O problema se concentra basicamente em pequenas cidades, que não têm tutela da rede e a hemoterapia é precária. Em serviços privados de pequenas comunidades há dificuldade para fazer controle."
Ele afirmou que uma de suas prioridades será realizar um trabalho conjunto com a Vigilância Sanitária para expandir a hemorrede (rede de hemocentros).
Uma alternativa seria incluir o item hemoterapia entre os que são verificados anualmente para dar o alvará de funcionamento aos hospitais. "Pretendo fazer um trabalho na coordenadoria com maior abertura, rever a política de sangue do país de forma descentralizada." Moraes contará com um comitê formado por três a cinco especialistas para gerir a política de sangue.
Abastecimento
Para Moraes, um dos maiores problemas do país hoje em relação a sangue é o abastecimento, que está ligado à distribuição.
"A questão é fazer o sangue de qualidade chegar à ponta, às pequenas cidades."
Helio Moraes (seu superior no ministério, o secretário de Projetos Especiais, Cândido da Silva, havia dito que ele se chamava Helio Barros) tem 52 anos e é professor titular de hematologia e hemoterapia da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro e coordenador do hemocentro de Uberaba (MG).
Ele substitui na Cosah o médico Dalton Chamone, exonerado na semana passada.

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