São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Ferrari apela para o 'ilícito' em Suzuka

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Michael Schumacher e a Ferrari resolveram partir para a "ignorância" no decisivo GP do Japão, neste fim-de-semana, em Suzuka.
Ignorar, no caso, significa passar por cima do tácito acordo de cavalheiros estabelecido há alguns meses entre os chefes de equipe e os comissários da FIA sobre o mais novo recurso em voga na categoria: um controle de tração camuflado, mas tecnicamente legal.
O piloto alemão e a equipe italiana deixaram claro, ontem, que irão lançar mão do recurso, considerado "moralmente ilícito" por pessoas como Patrick Head, diretor-técnico da Williams.
Schumacher está nove pontos atrás de Jacques Villeneuve, e faltam apenas duas provas para o fim do campeonato. Caso o canadense da Williams some um ponto a mais que o rival no próximo domingo, já sai de Suzuka campeão.
Os primeiros treinos livres acontecem na madrugada de hoje para amanhã no horário brasileiro. E, além do novo recurso, a Ferrari equipará seus carros com a última versão do motor 046/2, mais rápida, menos resistente.
Ou seja: tudo indica que o objetivo de Schumacher é largar à frente de Villeneuve e segurar a posição.
E se só essa disposição de barrar Villeneuve na pista já poderia provocar polêmica, a utilização do novo sistema aumentará ainda mais a tensão entre Ferrari e Williams.
Desde o GP da Inglaterra deste ano, Patrick Head vem ameaçando equipar seus carros, os melhores da categoria, com o dispositivo.
É de conhecimento público que McLaren, Ferrari e Arrows também detêm a tecnologia e já a utilizaram -no GP da França, inclusive, o carro vencedor, justamente o de Schumacher, foi detalhadamente analisado pelos fiscais.
Proibido desde o final da temporada de 93, o controle de tração é um dispositivo que não permite que as rodas girem em falso nas retomadas de velocidade. A potência do motor é dosada para que a tração transmitida às rodas seja apenas a suficiente, mais eficiente.
A nova versão do dispositivo foi considerada legal pelo fato de ele, teoricamente, não existir. Apenas o software que gerencia o motor teria dados que permitiriam à unidade estabelecer tal controle.
Como o regulamento não poderia ser modificado imediatamente, "sugeriu-se" à Ferrari que o recurso não fosse utilizado.
A escuderia seguiu a orientação, e Schumacher somou 2 pontos contra 22 de Villeneuve nos últimos três GPs. No Japão, com o título em jogo, será diferente. (JHM)

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