São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Fidel abre congresso com tributo a Che

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente cubano, Fidel Castro, 71, abriu ontem o Quinto Congresso do Partido Comunista com um tributo ao líder guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara, outro dirigente da Revolução Cubana, capturado e morto há 30 anos.
"A memória, o espírito e a presença inesquecível de Che estão presidindo este congresso", disse o ditador cubano em seu discurso de abertura.
O congresso segue até amanhã e deve reafirmar o compromisso com a continuação do socialismo de partido único e da moderada abertura econômica.
É o primeiro congresso do partido desde 1991, quando Cuba começou a mergulhar numa crise profunda por causa do colapso de seu aliado, a URSS, que subsidiava a economia do país.
Revendo os esforços da ilha para manter seu sistema intacto desde então, Fidel descreveu o colapso da União Soviética, ocorrido depois do início da perestroika (reformas econômicas), como "algo terrivelmente duro em todos os aspectos para o nosso país".
"Nós tivemos de cumprir a promessa de que resistiríamos, que lutaríamos e que venceríamos mesmo se fôssemos deixados totalmente sós", disse Fidel.
Usando seu tradicional uniforme militar, o rosto de Fidel parecia mais magro do que o habitual. Mas ele caminhou com firmeza pelo salão para ocupar seu assento. Antes de ele falar, o encontro de 1.482 delegados e 250 convidados foi inaugurado com um tributo a Guevara.
A imagem do guerrilheiro decorava a parede atrás do pódio onde Fidel e outros líderes do partido estavam, ao lado das imagens do líder da independência de Cuba, José Martí, do herói revolucionário Julio Antonio Mella, e dos pensadores comunistas Karl Marx e Vladimir Lênin.
Os retratos e um slogan ao lado deles declarando que os cubanos e o Partido Comunista nunca "entregarão sua unidade" deram o tom do encontro, que não deve produzir nenhuma mudança radical na política ou na economia.
O governo de Fidel insiste em que, apesar de ser pressionado a fazer reformas econômicas por causa da crise, as mudanças não visam levar os cubanos ao capitalismo. O congresso ocorre a cada cinco anos e define eventuais mudanças ideológicas e de lideranças. Neste ano, ele deve produzir um plano econômico mantendo a maior parte da economia nas mãos do Estado, mas incentivando investimentos estrangeiros.
Dirigentes cubanos disseram esta semana que o país não é a China e não está disposto a realizar uma abertura de mercado tão grande quanto o gigante comunista. Em Cuba, ao contrário do que ocorre na China, o regime não permite que seus cidadãos expandam seus próprios negócios.
O encontro pode ressaltar os problemas da continuidade da liderança de Fidel. O presidente reduziu bastante suas aparições públicas este ano e tem mostrado uma aparência cansada.

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