São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Derrotada, oposição agora quer "CPI do Suborno"

DA AGÊNCIA FOLHA

A oposição pretende instalar, na próxima semana, uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembléia de Santa Catarina para investigar os motivos que levaram quatro deputados a mudar de posição e apoiar o arquivamento do impeachment do governador Paulo Afonso Vieira (PMDB).
A proposta de criação da "CPI do Suborno" foi apresentada ontem por deputados do PPB.
Vieira, acusado de irregularidades na emissão de títulos públicos, escapou do impeachment em votação anteontem na Assembléia.
O arquivamento ocorreu por causa das ausências de Onofre Agostini (PFL) e Ciro Roza (PFL), da abstenção de Jorginho Mello (PSDB) e do apoio de Jaime Mantelli (PDT). Na primeira votação, em 30 de junho, eles haviam apoiado o afastamento.
"Essa vergonhosa mudança precisa ser esclarecida para resguardar a imagem da Assembléia", declarou o líder do PPB na Assembléia, Eni Voltolini.
A intenção é de, caso comprovadas as suspeitas de favorecimento com dinheiro público ou cargos, iniciar processo de cassação dos quatro por falta de decoro.
Para instalar a CPI, a oposição precisa reunir a assinatura de 14 dos 40 deputados, número que deve ser facilmente alcançado.
Bons motivos
Onofre Agostini (PFL) manteve cargos no governo, mesmo após a saída do partido da coalizão que apoiava Vieira, no início de 97.
Um exemplo é a superintendência do Departamento de Estradas de Rodagem de Curitibanos (SC), ocupada por um sobrinho dele.
Além disso, Agostini tem sido prontamente atendido pelo governo com relação à liberação de recursos para prefeituras da região de Curitibanos, sua base eleitoral.
O governo teria ainda prometido a Agostini criar, em sua região, uma coordenadoria da Secretaria de Educação. O deputado também deve ser nomeado para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.
Outro dissidente, o deputado Ciro Roza (PFL), teria trocado o apoio pelo perdão de parte de suas dívidas com o governo.
Roza é empresário do setor têxtil na região de Brusque (SC). De acordo com deputados do PT, ele também conseguiu, em 1996, um empréstimo no Besc (o banco do Estado) no valor de R$ 995 mil, a juros de 1% ao mês.
Já o pedetista Jaime Mantelli foi favorecido por um aumento salarial concedido em julho à PM, sua principal base eleitoral, além de ter participado da nomeação do secretário de Fazenda, Nelson Wedekin, ex-senador pelo PDT.
Funcionário de carreira do Besc, Jorginho Mello (PSDB) é amigo de longa data do atual presidente da instituição, Júlio Pungan, empossado há três meses.
"Essas suspeitas só podem ser comprovadas com a quebra de sigilos bancário e fiscal. Só uma CPI terá este poder", disse o deputado Leodegar Tiscoski (PPB).

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