São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Sangue 'privado' é fiscalizado, diz Estado

AURELIANO BIANCARELLI; RENATO KRAUSZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A inspeção dos bancos de sangue privados -da mesma forma que os públicos- é responsabilidade das vigilâncias sanitárias dos Estados e vem sendo feita de acordo com a lei. A garantia foi dada ontem pela Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.
Anteontem, o novo coordenador de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Hélio Moraes, disse que 15% do sangue do país não é fiscalizado porque a vigilância não pode inspecionar bancos privados.
A competência dos Estados -em todos os serviços hemoterápicos- é definida pela Lei Orgânica da Saúde, que já tem uma década. "É responsabilidade da Vigilância a inspeção de todos os serviços e produtos que tenham a ver com a saúde pública", disse Marisa Lima Carvalho, diretora do Centro de Vigilância de São Paulo.
A informação de que a Vigilância não inspeciona bancos de sangue privados provocou manifestação também da Associação Paulista de Medicina (APM).
"Todo serviço de hemoterapia do Estado passa por inspeção e é obrigado a fornecer relatório mensal detalhado à vigilância estadual", disse Dante Mario Langhi Junior, presidente do Departamento de Hematologia da APM e coordenador do Hemocentro da Santa Casa de São Paulo.
Langui diz que considera o sangue processado em São Paulo "no mesmo nível de países do Primeiro Mundo". O risco, por conta de falhas no manuseio do sangue, está praticamente desaparecendo com a informatização dos hemocentros. "A interferência humana é cada vez menor", afirma.
"Hoje, o doador é identificado por um código de barras que reduz a quase zero a possibilidade de trocas ou falhas no manuseio", diz.
Celso Guerra, diretor do Centro de Hematologia de São Paulo -banco de sangue privado que abastece mais de dez hospitais particulares-, diz que sua unidade é inspecionada regularmente.
"No ano passado, tivemos duas inspeções, uma federal e outra estadual. E neste ano passamos por outras duas", afirmou.
Segundo Marisa Carvalho, a maior segurança do sangue no Estado também se deve à prevalência dos hemocentros. Segundo ela, cerca de 90% do sangue processado no interior do Estado é testado pelos hemocentros de referência.
Apesar das inspeções e da informatização, a transfusão de sangue é considerada um procedimento que tem risco.
"Desde 1980, o sangue é prioridade para a Vigilância Sanitária", diz Marisa. No ranking dos procedimentos, os bancos de sangue são considerados de "risco alto", no mesmo patamar de um centro cirúrgico.
(AURELIANO BIANCARELLI E RENATO KRAUSZ)

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