São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bomba mata torcedor no Mineirão

FÁBIA PRATES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A rivalidade entre as torcidas de futebol fez sua primeira vítima fatal no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
O estudante Claudemir da Silva Reis, 15, morreu na madrugada de ontem, horas depois de ser atingido por uma bomba de fabricação caseira no intervalo do jogo entre Cruzeiro e Vasco (0 a 0).
Torcedor do Atlético-MG, Reis gostava de ir aos jogos do Cruzeiro para torcer contra. No momento em que foi atingido pela bomba, ele estava com outros torcedores atleticanos em um corredor perto dos bares do estádio.
Segundo a Polícia Militar, as torcidas adversárias estavam trocando insultos, separados por um cordão de isolamento a uma distância de aproximadamente 25 metros, com reforço de policiais, quando um torcedor do time do Cruzeiro teria jogado a bomba.
Reis foi atingido no abdome. Socorrido no estádio e levado ao Hospital João 23, onde foi operado, ele não resistiu aos ferimentos.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso. Segundo o delegado João Bosco Guimarães, existem quatro suspeitos.
Dois deles, o auxiliar de pintor Flávio Duarte Medeiros, 19, e o autônomo Ricardo Augusto Duarte, 20, foram ouvidos na madrugada.
Eles foram liberados depois de afirmarem à polícia que estavam entre os cruzeirenses da torcida organizada Máfia Azul, viram a bomba sendo atirada, mas não sabiam quem era o responsável.
Ontem à tarde, investigadores da Polícia Civil estavam à procura de dois outros integrantes da torcida organizada cruzeirense, conhecidos como Mussi e Carlão.
Guimarães disse que, assim que houver maiores evidências sobre o responsável, ele pedirá a prisão preventiva. O responsável será processado por crime doloso (assassinato intencional), podendo pegar de 12 a 30 anos de prisão.
Segundo o delegado, a perícia recolheu fragmentos da bomba no Mineirão. "Tudo leva a crer que a base do artefato seja uma bola de sinuca recheada de explosivo."
Segundo o responsável pelo policiamento do Mineirão, major Vitor Andrade, cerca de mil torcedores do Atlético-MG se juntaram à torcida do Vasco, que tinha cerca de 150 pessoas. A partida teve, no total, 13.697 pagantes.
A família de Claudemir Reis disse que vai processar a Ademg (Administradora de Estádios do Estado de Minas Gerais) e o Estado pela falta de segurança no Mineirão.
Claudemir morava com a mãe e uma irmã no bairro São Pedro, zona sul de Belo Horizonte.
Segundo a mãe, a viúva Sebastiana da Silva Reis, ele era evangélico da Igreja Universal do Reino de Deus e ajudava a sustentar a família com o salário de R$ 120 que recebia como office-boy.

Texto Anterior: Usuriaga é suspenso por 2 anos por doping; Bebeto é recebido com festa pelo La Coruña
Próximo Texto: Bomba mata um torcedor no Mineirão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.