São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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'Falência' provoca 2 contra 2 no Paulista

LUÍS CURRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma cisão entre clube e patrocinador, que pode resultar no fim de uma equipe, provocou um caso atípico, na noite de anteontem, na partida entre Microcamp-Jomec/Rio Preto e Data Control/Americana, pelo Campeonato Paulista feminino.
O jogo, disputado em São José do Rio Preto (451 km a noroeste de São Paulo), terminou com duas jogadoras de cada lado, a 11 minutos e 31 segundos do final.
Motivo: cerca de uma hora antes da partida, atletas de Rio Preto, em atraso salarial desde agosto, decidiram não entrar em quadra.
O supervisor da equipe, Hílio Bassi, para evitar uma derrota por WO (ausência), lançou jogadoras da equipe infantil.
Diante de uma das mais fortes equipes do torneio, elas não tiveram chance. Perderam por 53 a 10, com o jogo sendo interrompido após a quarta jogadora de Rio Preto ser eliminada com cinco faltas.
"Tínhamos acabado de treinar, no final da tarde, e soubemos que a equipe adulta não viria. Então, a pedido da direção, resolvemos jogar", disse a ala Thaís, 15.
"Se não jogássemos, o clube seria punido, e a equipe infantil, eliminada do campeonato", acrescentou ela, a primeira a sair com cinco faltas.
Segundo Thaís, todas foram orientadas a fazer faltas, para evitar uma "goleada" histórica.
O técnico do Data Control, Antonio Carlos Vendramini, ainda tentou tornar o jogo atrativo, colocando reservas. A cada atleta de Rio Preto eliminada, ele retirava uma de sua equipe. O jogo chegou a ter quatro contra quatro, três contra três e duas contra duas.
Com só uma atleta de Rio Preto em quadra, e sem reservas inscritas, a arbitragem encerrou o jogo.
"Nunca vi no basquete profissional, em toda minha carreira, algo parecido", disse Vendramini.
O Data Control segue invicto (cinco vitórias) no Paulista, e o Microcamp-Jomec perdeu todos os seus cinco jogos.
'Papelão'
Toni Chakmati, vice-presidente da FPB (Federação Paulista de Basquete), classificou o episódio como "um papelão".
"Tudo foi imoral. Por parte das jogadoras, ao decidir não jogar: teriam que reclamar conosco o não-pagamento; por parte da Microcamp, que não deve estar pagando; por parte do Jomec, ao colocar as infantis e ao nos informar que poderiam manter uma equipe de primeira linha", afirmou ele.
Segundo Chakmati, há prazo até segunda-feira para a equipe resolver a situação. Caso isso não aconteça, a FPB tomará providências. A punição máxima é a eliminação da equipe do campeonato.
Devido aos Jogos Abertos do Interior, o Paulista só volta a ter jogos no dia 22.

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