São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997 |
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Rigotto foi 'cartola' e criou torcidas
MÁRIO MAGALHÃES
O Caxias é crítico feroz do projeto Pelé. Naquela época, Rigotto, então um dentista recém-formado, fundou a primeira torcida organizada do clube, a Tosca. Em seguida, criou a Torcida Jovem. Dirigente bem-sucedido, distribuiu milhares de carteiras da Torcida Jovem para estudantes. Com elas, os adolescentes entravam de graça no estádio Centenário. Com esse trabalho, Germano Rigotto passou a ser conhecido na região serrana do Rio Grande do Sul. O vínculo com o Caxias continua forte, apesar de o deputado morar em Brasília. Ele é um dos 80 conselheiros do clube e, de acordo com o presidente do Caxias, Nelson D'Arrigo, um dos 350 falcões grenás. Os falcões são sócios que contribuem com uma mensalidade maior, de R$ 60 mensais, para ajudar a agremiação. Rigotto diz não lembrar mais que seja um falcão. No domingo passado, o deputado assistiu a parte da partida entre Caxias e Figueirense (SC), ao lado do dirigente D'Arrigo. Mesmo sem saber que presidiria a comissão, pediu um parecer sobre o projeto de reformulação do esporte. Nelson D'Arrigo adianta a posição do clube: "Algumas diretrizes do projeto vão atrapalhar, como o fim do passe de jogador. O clube-empresa é o futuro, não pode haver imposição". Ou seja, se opõe a dois pontos centrais da proposta de Pelé. E se o clube-empresa for aprovado? "O Caxias fecha", afirmou D'Arrigo. Pessoas ouvidas pela Folha na cidade disseram que a identificação de Rigotto como torcedor do Caxias, clube mais popular que o Juventude, foi fundamental na sua carreira política. O lobby dos clubes aposta que a conexão Caxias fará o deputado se inclinar contra Pelé. Rigotto irrita-se com a previsão. "Eu tenho independência, para ajudar a construir o entendimento. Ter vinculação com o esporte, ser torcedor, não significa aceitar as posições do Caxias." Segundo o deputado, seus cerca de 109 mil votos não foram obtidos preferencialmente junto à torcida do Caxias. Rigotto defende o fim do regime de urgência para apreciação do projeto e aponta "posições radicais dos clubes, das federações e do Ministério dos Esportes". Suas opiniões, no momento, são mesmo intermediárias. Ele não sustenta o fim do passe (direito de transferência do atleta), mas quer pelo menos flexibilizar a legislação. Não se manifesta a favor da obrigatoriedade do clube-empresa, mas propõe a rediscussão sobre financiamento do esporte. Texto Anterior: FRASES Próximo Texto: Eleito agrada a oponentes Índice |
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