São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rigotto foi 'cartola' e criou torcidas

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da comissão da Câmara que vai analisar o projeto de lei do ministro Pelé (Esportes), Germano Rigotto (PMDB-RS), 44, tem ligações profundas com o futebol.
O Caxias é crítico feroz do projeto Pelé.
Naquela época, Rigotto, então um dentista recém-formado, fundou a primeira torcida organizada do clube, a Tosca.
Em seguida, criou a Torcida Jovem.
Dirigente bem-sucedido, distribuiu milhares de carteiras da Torcida Jovem para estudantes.
Com elas, os adolescentes entravam de graça no estádio Centenário.
Com esse trabalho, Germano Rigotto passou a ser conhecido na região serrana do Rio Grande do Sul.
O vínculo com o Caxias continua forte, apesar de o deputado morar em Brasília.
Ele é um dos 80 conselheiros do clube e, de acordo com o presidente do Caxias, Nelson D'Arrigo, um dos 350 falcões grenás.
Os falcões são sócios que contribuem com uma mensalidade maior, de R$ 60 mensais, para ajudar a agremiação.
Rigotto diz não lembrar mais que seja um falcão.
No domingo passado, o deputado assistiu a parte da partida entre Caxias e Figueirense (SC), ao lado do dirigente D'Arrigo.
Mesmo sem saber que presidiria a comissão, pediu um parecer sobre o projeto de reformulação do esporte.
Nelson D'Arrigo adianta a posição do clube: "Algumas diretrizes do projeto vão atrapalhar, como o fim do passe de jogador. O clube-empresa é o futuro, não pode haver imposição".
Ou seja, se opõe a dois pontos centrais da proposta de Pelé. E se o clube-empresa for aprovado? "O Caxias fecha", afirmou D'Arrigo.
Pessoas ouvidas pela Folha na cidade disseram que a identificação de Rigotto como torcedor do Caxias, clube mais popular que o Juventude, foi fundamental na sua carreira política.
O lobby dos clubes aposta que a conexão Caxias fará o deputado se inclinar contra Pelé.
Rigotto irrita-se com a previsão.
"Eu tenho independência, para ajudar a construir o entendimento. Ter vinculação com o esporte, ser torcedor, não significa aceitar as posições do Caxias."
Segundo o deputado, seus cerca de 109 mil votos não foram obtidos preferencialmente junto à torcida do Caxias.
Rigotto defende o fim do regime de urgência para apreciação do projeto e aponta "posições radicais dos clubes, das federações e do Ministério dos Esportes".
Suas opiniões, no momento, são mesmo intermediárias.
Ele não sustenta o fim do passe (direito de transferência do atleta), mas quer pelo menos flexibilizar a legislação.
Não se manifesta a favor da obrigatoriedade do clube-empresa, mas propõe a rediscussão sobre financiamento do esporte.

Texto Anterior: FRASES
Próximo Texto: Eleito agrada a oponentes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.