São Paulo, sábado, 11 de outubro de 1997
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É uma patriotada

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Arnaldo Jabor, sempre ele, no Jornal Nacional:
- A política americana continua a mesma: sorriso nos lábios e porrete nas mãos... É uma visita à senzala.
Falava da visita de Bill Clinton e das exigências de segurança. Lillian Witte Fibe, na mesma Globo:
- A segurança de Clinton queria fechar ruas, suspender trens e usar armas de guerra, como bazucas...
E chamou uma moradora "símbolo" da Mangueira, para desafiar:
- Vem se o senhor quiser. Se o senhor não quiser, fica na sua casa!
E o governador Marcello Alencar, do Rio:
- Nós não podemos aceitar as imposições... Seria até uma pusilanimidade o governador se colocar de joelhos.
E um repórter, culminando a "revolta":
- Os americanos queriam até mesmo o cancelamento do horário de verão!
E a Globo News:
- Nem as emas do Palácio da Alvorada escapam dos americanos. Eles reclamam que tem bicho demais.
Até mesmo Paulo Henrique Amorim, da Band:
- Bill Clinton exige fuzil do Vietnã para subir o morro da Mangueira.
Chega a ser cômico o esforço de xenofobia realizado pela televisão, em preparação à chegada de Clinton. O Brasil está em disputa comercial e qualquer vírgula é desculpa para a histeria.
E a Mangueira é comparada ao Vietnã, moradores gritam "go home" ou algo parecido, políticos se recusam a ficar "de joelhos".
Mas é fato que traficantes cariocas têm acesso, como se vê sempre no JN, a bazucas e fuzis usados no Vietnã. E que é preciso proteger quem foi, afinal, convidado.
No comentário entre bem-humorado e impaciente de Boris Casoy, da Record, diante dos despropósitos dos últimos dias:
- É uma patriotada!

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