São Paulo, sábado, 11 de outubro de 1997
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PF apreende menos drogas em 1997

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A expressiva redução da quantidade de drogas apreendidas no primeiro semestre do ano gerou uma crise na PF (Polícia Federal).
O aumento da produtividade está sendo cobrado às superintendências estaduais.
Em 1995, a PF apreendeu 5,35 toneladas de cocaína em todo o país. No ano passado, as apreensões caíram para 3,5 toneladas.
Os indicativos de nova redução se mantêm este ano. No primeiro semestre (até 12 de junho), foi apreendida 1,29 tonelada da droga.
As estatísticas dos dois primeiros trimestres apresentadas ao diretor do DPF (Departamento de Polícia Federal), Vicente Chelotti, foram devolvidas. Ele exigiu que cada superintendência fizesse nova checagem das apreensões.
Projeções do órgão indicam que, se mantidos os números do primeiro semestre, as apreensões ao final deste ano estarão em um patamar mais baixo que o de 96.
Críticas à suposta ineficiência do governo brasileiro na repressão ao tráfico de drogas têm sido formuladas pelos EUA.
Já as autoridades do Brasil, especialmente Chelotti, reclamam que os norte-americanos estariam ajudando pouco no combate ao tráfico em território nacional.
Chelotti acha que os EUA poderiam ajudar com quantias semelhantes às fornecidas aos governos de outros países da América do Sul, como Colômbia e Peru.
A condição do Brasil como rota do tráfico internacional de cocaína e heroína deverá ser discutida na semana que vem por autoridades brasileiras e norte-americanas durante a visita do presidente dos EUA, Bill Clinton.
Os números das apreensões da PF no primeiro semestre respaldam as críticas do governo dos EUA. Para surpresa do DPF, as apreensões ficaram muito abaixo do esperado, principalmente em relação à cocaína, cuja prioridade na repressão é exigida pelos EUA.
Além da queda na apreensão da droga refinada, a PF não teve sucesso na busca da pasta-base da droga e de folhas de coca. Não houve apreensão de folhas de coca até 12 de junho. No ano passado, foram apreendidos 64,96 gramas.
A redução da apreensão de pasta-base (estágio antes do refino) é ainda mais expressiva: 37,36 kg este ano, contra 523,41 kg em 96.
A queda nas apreensões é notada em todas as regiões do Brasil, com exceção da Norte, onde a apreensão de pasta-base alcançou, no primeiro semestre, 24,86 kg, contra 1,32 kg em todo o ano passado.
A região Sudeste apresenta os piores resultados do ano. No Sudeste, ficam os dois principais mercados da droga no país: as regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo. Em 96, houve a apreensão de 1,07 t de cocaína. No primeiro semestre deste ano, 246 kg.

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