São Paulo, sábado, 11 de outubro de 1997 |
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Amor é o tema
MARCELO RUBENS PAIVA
Há alguns anos, elegeu-se Rubem Fonseca o escritor brasileiro de maior "punch". Fonseca trazia à baila um Brasil em desintegração, cru e criminoso. Paulo Coelho teve seu momento. Com suas palavras doces e reconfortantes, auto-ajudou leitores. Agora, é Cony pra lá e pra cá, em entrevista para a "Playboy", no programa "Roda Viva", na lista de mais vendidos, nos relançamentos e prêmios. Lá vou eu em busca da armadilha. Que bom que é Cony a bola da vez. É o autor que abandona as experiências e conta histórias com simplicidade. Ele é direto, sensível, sem pompa, sem arrogância. Seu alvo é a construção de bons personagens. Conduz a narrativa com a intenção suprema de agradar ao leitor, de estimulá-lo a virar a página. Foi assim em "Quase Memória", cujo narrador recebe um pacote do pai que já havia morrido. O que tem no pacote? Ora, leia até o fim. Mas, antes, saiba como foi a vida desse pai. "A Casa do Poeta Trágico" tem seus ganchos. Augusto, o sábio, e Mona, sua cria. Augusto, o doente, e Mona, com planos. Augusto, um caçador de baleias, e sua rainha dos mares se arrostam, fazem pactos, exigem, dão se receberem. Num livro que não dá pra largar, Cony explora a relação entre um homem mais velho e uma ninfa. O amor é o tema, como nasce, como morre, como vira produto de uma simbiose. E é tão bom saber que a bola da vez não ajuda ninguém, nem discorre sobre métodos de esfaquear o outro. A bola da vez é a simplicidade do contar e a complexidade do amor. (MRP) Livro: A Casa do Poeta Trágico Autor: Carlos Heitor Cony Lançamento: Companhia das Letras Quanto: R$ 18 (179 págs.) Texto Anterior: Cony lança biografia de sua geração Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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