São Paulo, sábado, 11 de outubro de 1997
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Nobel da Paz vai para luta contra minas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A organização Campanha Internacional para a Proibição de Minas Terrestres (ICBL, em inglês) e sua coordenadora nos EUA, Jody Williams, receberam ontem o Prêmio Nobel da Paz de 1997.
A decisão, divulgada 40 dias após a morte de Diana, remete à campanha da princesa em defesa da causa. "Ela deu um rosto às vítimas. Fez com que pessoas comuns entendessem o impacto que essas armas (as minas terrestres) têm sobre os pobres", afirmou Williams, que deve receber junto com a ICBL, no dia 10 de dezembro, quantia equivalente a US$ 994 mil.
O Comitê Nobel, responsável por escolher o vencedor do prêmio da paz, negou que haja uma relação direta entre sua decisão e a princesa de Gales. O presidente do comitê, porém, reconheceu indiretamente a importância da campanha de Diana em defesa da proibição das minas. "Estamos cientes de que houve muitos indivíduos e grupos que contribuíram enormemente para o processo", afirmou.
Diana, nos últimos meses de sua vida, viajou à Bósnia e a Angola, onde visitou vítimas de minas terrestres, responsáveis por mutilar ou matar cerca de 26 mil pessoas por ano. A morte da princesa, no dia 31 de agosto, aumentou a pressão pela proibição dos artefatos.
A decisão do Comitê Nobel anunciada ontem promete tornar ainda mais difíceis as posições de potências mundiais que se negam a assinar um tratado internacional para proibir as minas, firmado no dia 1º de setembro em Oslo, capital da Noruega. Não estão entre os quase cem países signatários os EUA, a Rússia e a China.
Mudança de posição
O presidente russo, Boris Ieltsin, no entanto, anunciou ontem, em pronunciamento organizado às pressas horas após o anúncio do Nobel, que seu país apoiava o tratado de Oslo. O acordo deve ser ratificado em dezembro no Canadá.
"Nós o apoiamos", disse Ieltsin em Estrasburgo (França), em meio a uma conferência européia sobre direitos humanos. Não ficou claro se as declarações do presidente russo significavam que o país aderiria ao tratado em Ottawa ou se, como os EUA, concordava em discutir os termos de uma adesão.
O governo norte-americano, por seu lado, disse não se sentir pressionado pela concessão do Nobel da Paz (leia texto nesta página).
A ICBL
A ICBL, criada em 1992, congrega quase mil organizações não-governamentais espalhadas por 60 países. As ONGs trabalham em vários campos, entre eles, controle e desarmamento de minas e ajuda médica e humanitária a vítimas dos artefatos explosivos.

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