São Paulo, sábado, 11 de outubro de 1997 |
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ÂNCORA CIENTÍFICA Economia e tecnologia andam cada vez mais juntos. O destino e a qualidade dos investimentos e a competitividade dependem do estoque de capacitação científica de um país. No Brasil, além de verbas limitadas ou desperdiçadas, não há tradição de pesquisa nas empresas. É portanto oportuna a iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que anunciou um projeto de decodificação genética da praga do amarelinho, que ataca laranjais em São Paulo, investimento conjunto do governo, setor privado e academia. Há várias lições nessa iniciativa. Primeiro, é importante submeter a comunidade científica a pressões externas, de natureza econômica. Não é sempre que a ciência avança com base apenas na inspiração desinteressada dos sábios. E é a posição do Brasil como produtor e exportador de cítricos que está em jogo. No caso da biotecnologia, há o mérito adicional de se estimular tanto as pesquisas com aplicação imediata quanto as puras, que no futuro poderão gerar projetos em outras áreas. Há lições também para o debate de políticas públicas. Há séculos, Estado e mercado aparecem falsamente como antagonistas. Agora é preciso ir além desse debate, privilegiando ações conjuntas voltadas para a promoção da tecnologia. Desenvolver capacitação científica pode significar a defesa das reservas cambiais, por exemplo, já que a praga do amarelinho atinge uma das principais culturas de exportação. Ou seja, a "âncora científica" é tão importante quanto outras âncoras mais conhecidas, como a cambial, a fiscal ou a monetária. Aliás, a formação de recursos humanos avançados é, no médio prazo, a mais fundamental das âncoras. A competitividade e a qualidade de produtos dependem dos recursos humanos. Recursos públicos destinados a programas inteligentes e sintonizados com as necessidades da economia e diálogo entre cientistas e empresários: essa a receita para que alguém depois possa dizer "eureca". Próximo Texto: REMENDO FISCAL PAULISTANO Índice |
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