São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997 |
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Identidade sexual na rede é enigma
PAULO SAMPAIO
"Na Internet, sou uma mulher perfeita", afirma o designer gráfico Luiz Fernando Amoasei, 26. "Nunca fui descoberto." Ele conta o segredo de seu sucesso: "Digo para os homens exatamente o que eu gostaria de ouvir de uma mulher". Amoasei, que é heterossexual, explica que se diverte justamente por isso. "Se eu fosse gay, correria o risco de levar a história a sério", acredita. Na verdade, ele não precisa fazer muito esforço para atrair interlocutores na Internet. "Entro como Lu, que é um apelido meio ambíguo. Sempre tem um que me chama no reservado." (leia texto abaixo) Para a psicóloga Luiza Faria, 38, entrar como homem nas salas de bate-papo da Internet é "um verdadeiro laboratório". "Exercito meu lado masculino e tenho oportunidade de ver as reações das mulheres as minhas cantadas de 'homem'. Isso me ajuda a ver como são desagradáveis certos mecanismos na hora da conquista. Tento evitá-los na vida não-virtual." O "laboratório" da geógrafa Ciça Ribeiro, 34, vai mais além. Ciça, que foi casada, tem uma filha e é bissexual, diz que gosta mais de entrar como homem em salas só de homens gays do que nas de heterossexuais. "As mulheres dependem muito do que o homem diz, esperam ser cortejadas o tempo todo." "Se eu entro como homem em uma sala gay, o papo rende muito mais. Eles passam a falar de sexo logo na segunda frase." Para as lésbicas, Ciça diz que não dá para mentir. "Elas exigem garantias de que a gente é mesmo mulher. Existem muitos homens disfarçados de mulheres na sala delas", explica. Ela teve a idéia de entrar como homem quando conheceu na sala de lésbicas uma mulher que, na verdade, era homem. "Ele entregou tudo no fim da conversa e me deu a idéia: fingir que era um homem que se passava por uma mulher na sala das mulheres. Só que nem todo mundo ali tem bom humor." Para o técnico de áudio Eduardo de Aquino, 26, entrar como mulher na Internet foi a única maneira de se fazer ouvir. "Precisava de alguém que me desse uns toques de informática, mas ninguém dá bola para homens. É só entrar com um nome de mulher que aparecem logo uns quatro marmanjos dispostos a ajudar." Texto Anterior: Aparecida espera recorde de romeiros Próximo Texto: Leia trecho de conversa virtual Índice |
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