São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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País deverá atrair US$ 24 bilhões em 98

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil pode atrair US$ 24 bilhões em investimentos externos de longo prazo em 98, o que consolidaria o país como o segundo maior pólo de atração de capital externo entre as economias emergentes, superado apenas pela China.
Essa estimativa, passada à Folha, circula no Ministério da Fazenda de forma reservada. Por enquanto, o governo prefere não se comprometer com projeções oficiais.
O principal motivo do otimismo é o programa de privatização, que no próximo ano compreenderá estatais federais e estaduais dos setores elétrico e de telecomunicações, entre outros.
Ao todo, a privatização e a venda de ações de estatais deverão render, em 98 e 99, US$ 69,902 bilhões, conforme documento elaborado pelo Ministério da Fazenda na semana passada.
Uma boa parte desse dinheiro virá do exterior, uma vez que estão sendo vendidas empresas consideradas atrativas pelos investidores internacionais.
Até hoje, o interesse do capital externo pelas empresas vendidas no programa de desestatização foi modesto, embora crescente: de US$ 2,6 bilhões em 96 e US$ 3,3 bilhões até agosto deste ano.
Até setembro, o total dos investimentos diretos externos ficou em aproximadamente US$ 12 bilhões, ou US$ 15 bilhões em um período de 12 meses.
Ranking
No ano passado, o Brasil já ocupou o segundo lugar no ranking de países em desenvolvimento que receberam investimentos diretos. O país recebeu US$ 9,9 bilhões -muito abaixo da China, que recebeu US$ 42,3 bilhões.
Conforme dados da Organização das Nações Unidas, o México é o principal adversário do Brasil na disputa pelos investimentos estrangeiros na América Latina. Em 96, o México recebeu US$ 7,5 bilhões.
O México recebeu esse volume de recursos externos após passar por uma crise cambial no começo de 1995. Naquele ano, os investimentos estrangeiros diretos ficaram em US$ 7 bilhões, contra US$ 11 bilhões em 1994.
Até o final do ano passado, o estoque de investimentos estrangeiros diretos no Brasil somava US$ 108,3 bilhões, o que deixava o país no segundo lugar do ranking das economias emergentes. A China estava em primeiro lugar com US$ 169,1 bilhões.
A principal diferença entre Brasil e China está no volume de investimentos diretos captados nos últimos cinco anos. Nesse período, a China captou US$ 150,6 bilhões e o Brasil apenas US$ 20,9 bilhões.
Os dados foram coletados pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, órgão da ONU. Com US$ 71,5 bilhões, o México ocupava o terceiro lugar no levantamento.
O ministro Pedro Malan (Fazenda), que não quer fazer previsões para o futuro, diz que os investimentos diretos nos países em desenvolvimento têm hoje um estoque de aproximadamente US$ 900 bilhões. "O Brasil detém mais de 10% e essa participação não é desprezível", afirmou.
O fluxo de capital externo foi retomado no início dos anos 90, depois do auge na década de 70 e a estagnação nos dez anos seguintes.
Contribuiu para essa retomada a renegociação da dívida com os credores externos e com os organismos internacionais.

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