São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997 |
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Tatuadores buscam profissionalização
PEDRO CARDILLO
Difícil medir, mas o tema chegou a ocupar a pauta da Assembléia Legislativa de São Paulo, que, recentemente, aprovou uma lei impedindo menores de idade de se tatuarem, mesmo com a autorização dos pais ou responsáveis. Ivan Bettys, 34, é tatuador há 15 anos e garante que a atividade "exige talento e dedicação, além de muita habilidade". No Brasil, o negócio parece mais difícil. Não existem cursos específicos, e a área é cercada por uma aura "underground" e marginal. Bettys afirma que os tatuadores mais velhos são a única escola para os interessados. Mas a atividade, segundo ele, é cada vez mais socialmente aceita. "Há 15 anos, o preconceito era maior. Hoje tatuo médicos, empresários e até madames dos Jardins. Faz tempo que não vejo roqueiros por aqui", conta. Já para José Carlos Lourenço, 36, o "Tuka" do estúdio Tat2, o preconceito existe. A profissão não é regulamentada, e o tatuador vive à margem das leis trabalhistas, diz. Segundo profissionais mais antigos, a remuneração gira em torno de R$ 2.000 mensais. Tatuadores famosos podem ganhar o triplo. A remuneração varia devido ao custo fixo com tintas e equipamentos importados e material descartável, como agulhas e luvas. A localização do estúdio também influencia. O investimento para montar um estúdio é de, no mínimo, R$ 15 mil, sem contar locação do imóvel, reformas e decoração. Isso porque os estúdios têm de atender a normas de higiene, impostas pelos próprios profissionais. Material descartável e estufas para esterilização são essenciais. O preço de uma tatuagem varia de acordo com o tamanho e a quantidade de cores utilizadas. Uma grande e colorida -como a imagem de um dragão oriental- custa entre R$ 300 e R$ 400. Já uma pequena pode sair por R$40. "É um trabalho cansativo, que exige muita concentração. Para ganhar bem, o tatuador precisa ser famoso e dono do estúdio", diz Carlinhos Ferrari, 35, do Scorpion's Tattoo Studio. "Em vez de os deputados proibirem os menores de fazer tatuagens, deveriam criar uma fiscalização sanitária obrigatória de estúdios de tatuagem", reclama Sérgio "Led's" Maciel, 35, que está há 17 na área. Maciel está organizando a primeira convenção mundial de tatuagem no país, que acontecerá de 7 a 9 de novembro, em São Paulo. Texto Anterior: Currículo tem boa apresentação, mas não indica prática em computador e inglês Próximo Texto: "Nunca teria um trabalho 'careta', diz profissional Índice |
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