São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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E se a Lusa acertar o pé hoje?

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Palmeiras de Felipão vinha assim-assim, mas com panca de quem chegaria às finais. Nunca chegou a ser aquele Palmeiras deslumbrante dos tempos de Rivaldo, Muller & Cia., mas mantinha a pose.
Bastou, porém, decretarem a linha-dura da concentração prolongada e o que se viu, no meio da semana, foi um Palmeiras tão apático, incapaz mesmo de virar o jogo contra um Coritiba reduzido a 9 jogadores contra 11, que chega a causar estranheza.
Hoje, diante da Lusa, esse mesmo Palmeiras vem desfalcado de dois jogadores vitais: Pimentel, que, começou mal a temporada, reagiu para sumir na última partida, e Alex, um menino de ouro, único a conferir um toque de classe nesse burocrático meio-campo verde, embora seja um craque ainda em formação.
Sei não. Se a Lusa acertar o pé, sei não...
*
A seleção foi um horror diante de Marrocos. Mas saiu de campo com a vitória de 2 a 0. Isso quer dizer muito mais do que um simples resultado anunciado para o jogo entre um tetracampeão do mundo e um futebol emergente da distante África.
Antes de mais nada, porque estávamos desfalcados das nossas maiores estrelas. Depois, porque não treinamos o mínimo necessário. Por fim, porque esse time de Marrocos não é nenhuma galinha morta. É bem armadinho e veio do fogo da classificação para a Copa do Mundo para conquistar um resultado histórico diante do Brasil no Pará.
Logo, se, com o time reserva e destreinado, jogando contra um adversário respeitável, ainda saímos vencedores, é porque nossa estrela continua a brilhar.
Na verdade, há nessa história um componente especial, que a vã filosofia não pode explicar inteiramente. Quero dizer que há seleções que nasceram com a estrela na testa; outras, não. O Brasil, desde que vestia fraldas, sempre foi grande, ao contrário de uma Holanda ou uma Hungria, por exemplo, que chegaram a ter times excepcionais, mas jamais deixaram de ser forças intermediárias. Nunca meteram a mão na taça.
Assim como há craques fora de série, verdadeiros ídolos, que nunca conseguiram vestir a camisa da seleção brasileira como uma segunda pele. Só para exemplificar, vale lembrar de Waldemar Fiúme, um dos mais completos jogadores de defesa e meio-campo, do Palmeiras dos anos 40-50, que jamais chegou à seleção. Ou Ademir da Guia, o Divino Da Guia, que jamais se firmou no time nacional.
Há, em contrapartida, casos de jogadores que nasceram com o distintivo nacional pregado na testa. Djalma Santos é exemplar: desde que surgiu na Lusa, no início dos anos 50, só perdeu a posição na seleção na Copa da Suécia por insustentáveis levezas de opiniões excêntricas. Só jogou a decisão. Levantou a taça e ganhou a posição de melhor lateral-direito da Copa na escolha dos experts internacionais presentes a Estocolmo.
Dou essas voltas para chegar em Denílson, autor dos dois gols contra Marrocos.
Esse menino nasceu para jogar na seleção, quer queiram ou não seus velados críticos.

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