São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ACM cancela e depois confirma a visita de Clinton ao Congresso

LUÍS COSTA PINTO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A visita do presidente norte-americano Bill Clinton ao Congresso Nacional, marcada para amanhã de manhã, chegou a ser cancelada no sábado. O presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), discordava de quase todas as exigências da segurança de Clinton.
Para sair do impasse, prevaleceu uma imposição da segurança norte-americana: nenhum carro, nem mesmo os dos senadores, pode estacionar no subsolo do Congresso enquanto Clinton estiver na sede do Legislativo.
Somente após seis telefonemas na tarde e na noite de sábado entre ACM, na Bahia, e o embaixador dos Estados Unidos, Melvyn Levitsky, em Brasília, é que a ida ao Congresso foi confirmada.
"Se eles não concordassem com minhas ponderações, não teria visita ao Congresso brasileiro. Quem manda ali são os parlamentares, e não o cerimonial da Casa Branca ou o do Itamaraty", disse ontem Antonio Carlos Magalhães.
O cerimonial da Casa Branca queria limitar a dez o número de parlamentares brasileiros que poderiam circular pelos principais salões da Câmara e do Senado durante a visita de Clinton. Seriam cinco deputados e cinco senadores, escolhidos pelo cerimonial de ACM. O senador discordou.
Os americanos também queriam que o serviço de segurança do Congresso fosse entregue à responsabilidade da segurança da Casa Branca. O senador discordou.
Solicitaram que todo o trânsito de parlamentares dentro do Congresso fosse suspenso durante a permanência de Bill Clinton nos salões do Congresso. O senador discordou. Por fim, pediram que nenhum automóvel ficasse estacionado no subsolo da entrada principal. ACM concordou.
"É justo não permitir carros no subsolo. Os parlamentares vão entrar no Congresso pela entrada principal, como sempre fazem, e seus automóveis serão conduzidos para fora. Não se pode controlar o que um carro carrega", diz ACM.
O temor da segurança norte-americana é que alguém possa colocar bombas em um desses carros.
Após saber da recusa do presidente do Congresso em atender às exigências da Casa Branca, no sábado, o embaixador Melvyn Levitsky deu o primeiro dos seis telefonemas para o senador.
Levitsky argumentou que estava em jogo a segurança do presidente dos EUA. "Ali é o Parlamento brasileiro, onde mandam os parlamentares. Ou todos têm o direito de falar com o visitante, ou ninguém falará", disse ACM.
Sem autonomia para negociar, o embaixador desligou e telefonou para a Casa Branca, em Washington, informando das dificuldades. Depois, fez a segunda ligação para ACM. Disse que, sem o atendimento das exigências, ele não poderia ir ao Congresso.
"Então, não tem visita", respondeu-lhe ACM. Levitsky disse que tornaria a ligar para a Casa Branca e voltaria a telefonar para ACM. Repetiu o ritual até que se completasse a meia dúzia de conversas.
Ficou acertado que todos os 594 congressistas podem entrar no salão negro do Senado, onde estará Clinton. Nesse salão estão guardados os melhores e mais bem conservados móveis do Palácio Monroe, antiga sede do Senado, no Rio.

Texto Anterior: A Folha de ontem na opinião do leitor
Próximo Texto: Esplanada passa por dois 'pentes-finos' hoje
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.