São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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'Cansados', médicos não vão respeitar

Casal reclama da falta de transporte coletivo

DA REPORTAGEM LOCAL

O casal de médicos infectologistas Jamal e Grace Suleiman respeitaram o rodízio estadual antipoluição, mas não estão dispostos a obedecer o rodízio contra congestionamentos.
"Não somos contra o rodízio, mas estamos um pouco cansados. Onde moramos não há alternativa de transporte coletivo para nosso local de trabalho", disse Jamal.
"Desta vez, não vamos obedecer ao rodízio e vamos recorrer das multas. A prefeitura não melhora o transporte público e quer ganhar dinheiro com o rodízio."
O casal mora no Morumbi (zona sudoeste) e trabalha junto no mesmo local, o Instituto Emílio Ribas, em Pinheiros (também zona sudoeste), bairro distante 12 quilômetros de sua casa.
O casal tem dois carros -um Corsa com final de placa 0 e uma Suprema com final 3.
Embora trabalhem no mesmo local, Jamal usa um carro para ir ao serviço e Grace, outro.
A razão é simples. "De manhã, a Grace leva as crianças para a escola e eu vou direto para o trabalho. Na hora do almoço, ela volta para casa e só retorna ao hospital às 14h, enquanto eu fico no Emílio Ribas", disse Jamal.
A hora de voltar para casa muitas vezes também não coincide, o que reforça a necessidade de cada um ter um carro à disposição.
Enquanto Grace deixa o Emílio Ribas pouco antes das 18h, Jamal, às vezes, sai do hospital depois das 16h. Antes de retornar para casa, passa em seu consultório na av. Angélica, Higienópolis (região central).
"No rodízio estadual, usei táxi muitas vezes para ir do Emílio Ribas ao consultório e não furar a operação", diz Jamal.
Mesmo assim, durante a operação antipoluição, o casal foi multado duas vezes, mas já recorreu de uma das punições.
O rodízio municipal, assim como o estadual, prevê o cancelamento da multa se o motorista conseguir provar com atestado médico que teve de usar o carro numa situação de emergência.
"Veículo de médico está quase sempre em emergência", afirmou Jamal.

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