São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Exposição revisita 70 anos de escultura

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os anos 20 são o ponto de partida de "A Escultura Brasileira - Perfil de uma Identidade", mostra que pretende contar, senão toda a história, pelo menos alguns dos momentos mais relevantes de 70 anos da produção do país na área, entre 1920 e 1990.
Para isso, o curador Emanoel Araujo selecionou 70 obras de 21 artistas. A seleção começa em Victor Brecheret e vai até Tunga. O próprio curador adverte que se trata de uma síntese, um resumo de uma mostra muito maior que ele está organizando para o próximo ano, na Pinacoteca.
A escolha do artista e do momento histórico para o início da mostra é pertinente. O modernismo foi o primeiro caso de reivindicação de uma identidade artística nacional, que se fortaleceu em outros momentos, como o concretismo dos anos 50.
Mais que isso, Araujo estabelece com a obra de Brecheret o início de um caminho "construtivo" para a escultura brasileira. "O Brecheret dos anos 20 está preocupado com a construção por meio de geometrismos. Esse construtivismo geométrico é forte em toda a América Latina, na arte cinética e na optical arte, por exemplo", disse Araujo.
Esse prazer construtivo na escultura brasileira não faz dela algo frio ou vinculado apenas a fórmulas racionais. Hélio Oiticica e Lygia Clark, por exemplo, se encarregaram de trabalhar o lado sensorial/sensual das obras.
O curador não acredita que a tendência construtivista esteja unicamente relacionada com o acelerado processo de modernização que o país atravessava nos anos 50. Segundo ele, existe também uma "raiz mágica" na arte indígena, por exemplo, que trabalha com abstração geométrica em vários momentos de seu cotidiano.
Boa parte das obras são do próprio banco Safra e dos artistas. Segundo Araujo, a culpa é dos colecionadores, que estabelecem preços absurdos para o seguro das obras. "Isso inviabiliza qualquer mostra", disse.

Mostra: Escultura Brasileira - Perfil de uma Identidade (70 obras)
Artistas: Victor Brecheret, Ernesto de Fiori, Bruno Giorgi, Alfredo Ceschiatti, Maria Martins, Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark, Mary Vieira, Sérgio Camargo, Hélio Oiticica, Caciporé Torres, Liuba, Nicolas Vlavianos, Franz Krajcberg, Rubem Valentim, José Resende, Waltércio Caldas, Mestre Didi, Francisco Brennand, Tunga
Onde: banco Safra (av. Paulista, 2.100, Cerqueira César)
Vernissage: hoje, às 11h (apenas para convidados)
Quando: de segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados e domingos, das 11h às 18h. Até 14 de dezembro

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