São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Mãe de Caetano grava pela primeira vez

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
LUIZ FRANCISCO

CHRISTIANNE GONZÁLEZ; LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Dona Canô canta em CD de músicas da novena de Nossa Senhora da Purificação, com participação do filho

Aos 90 anos, a mãe dos cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia, dona Canô, sai dos bastidores para gravar faixas da novena de Nossa Senhora da Purificação, a ser lançada em CD sexta-feira, no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA).
"É a primeira vez que entro em um estúdio de gravação e estou muito emocionada por saber que a novena poderá ser ouvida em todo o Brasil", diz Canô.
Caetano Veloso também participa do disco, interpretando a segunda jaculatória (oração musicada curta e fervorosa).
Conhecida em Santo Amaro da Purificação (71 km de Salvador) -terra natal da família Velloso- como "novena de Dona Canô", a obra foi composta pelo baiano Domingos Faria Machado, em 1830.
"O CD resgata a trilha musical de uma das mais belas manifestações culturais do país, especialmente das expressões sociais do recôncavo baiano", diz o produtor do disco, Roberto Sant'Ana, 54.
Modesta, dona Canô disse que não considera sua participação no CD um fato importante.
"Eu apenas cantei as respostas (trechos) de algumas músicas com outras 39 vozes femininas dos corais Santa Cecília e Miguel Lima, também de Santo Amaro", afirma.
Acostumada a ouvir a novena desde que tinha quatro anos, dona Canô disse que a obra é tradicionalmente cantada por vozes masculinas.
Inicialmente escalada a participar do CD, a cantora Maria Bethânia foi desaconselhada pela mãe. "Uma obra tradicional como essa não se muda", disse Canô.
Bethânia havia sido convidada a cantar "Mater Gratiae" -hino religioso que não integra a partitura original e seria incluído em homenagem a uma tia da cantora.
A novena de Nossa Senhora da Purificação ficou conhecida a partir da música "Reconvexo", composta por Caetano Veloso. Nela, Caetano pergunta: "Quem não rezou a novena de dona Canô?".
Além de Caetano, do coral feminino e de dona Canô, participam da gravação os barítonos Luciano Fiúza e Luiz Antonio Villas Boas, com orquestra regida pelo maestro Pino Onnis, Fernando Portari (tenor do Teatro Municipal de São Paulo) e integrantes do Madrigal da Universidade Federal da Bahia e da Associação Lírica da Bahia.
O compositor Jota Velloso, neto de dona Canô, também participa, como assistente de produção.
Patrocinado pela Copene, por meio do projeto de incentivo Fazcultura, do governo baiano, o CD tem um custo de produção de R$ 140 mil. Caetano Veloso não cobrou cachê.
O faturamento com as vendas do disco será revertido em benefício da paróquia de Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro.

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