São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Belfast quer dar um basta aos dias de ira

Cessar-fogo abre portas na Irlanda do Norte

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BELFAST

Bombas explodindo, tanques de guerra, barricadas nas ruas. Quem viu essas cenas pela televisão, durante anos, imagina que Belfast, a capital da conturbada Irlanda do Norte, nada mais seja que um campo de batalha.
Hoje, Belfast é diferente disso.
Três meses depois do cessar-fogo anunciado por uma das mais famosas organizações terroristas do mundo, o IRA (das iniciais em inglês para Exército Republicano Irlandês), Belfast vive uma das poucas épocas de paz de sua história e, como consequência, uma espécie de renascimento cultural.
Uma visita a Belfast, hoje, é tão segura que até a prefeitura oferece city tours para os bairros mais "quentes" da cidade, palcos da violência dos grupos paramilitares protestantes e católicos, que há décadas abalam a Irlanda do Norte.
O acesso a Belfast é fácil. Está a uma hora de avião de Londres e a pouco mais de duas horas de trem de Dublin, capital da República da Irlanda.
Belfast não é uma cidade bonita. É um centro industrial, que vive principalmente de seus estaleiros. Ali foi construído o Titanic, na primeira década deste século.
Táxi religioso
Belfast, porém, é uma cidade curiosa. Sua história não está resolvida, coisa que o visitante interessado em conhecê-la logo perceberá.
Como toda a Irlanda do Norte, Belfast continua dividida entre católicos e protestantes.
Tem um muro que leva o estranho nome de "peace line" (linha da paz), que há décadas separa o bairro protestante de Shankill do católico de Falls, os mais radicais da cidade.
Para visitar estes bairros, o turista deve saber que táxis pegar, os católicos ou os protestantes.
Belfast tem avenidas que trazem murais republicanos (localizados nos bairros católicos) e monarquistas (nos protestantes). São até bonitos do ponto de vista estético, mas incitam a violência.
A cidade também tem um centro comercial onde é proibido estacionar e que não oferece muitas opções de bares e cafés, já que essa região sempre foi o alvo preferido de ataques terroristas.
Mas, apesar dos quase 30 anos de guerra civil -aqui chamada de "Troubles" ("conflitos" ou "sofrimentos", em inglês)-, só quem procura acha sinais da violência que marca a história da Irlanda do Norte e de sua capital.
Belfast, conhecida no Reino Unido por sua hospitalidade, é a porta de entrada para as belas praias, lagos, montanhas e sítios arqueológicos da Irlanda do Norte.
Também oferece atrações turísticas, culturais e gastronômicas.
Basta andar algumas quadras para fora do centro, por exemplo, para degustar a cerveja local ou um irish coffee nos melhores pubs e cafés da cidade.

LEIA MAIS sobre Belfast nas págs. 7-14 a 7-16

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