São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997
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Grávida saiu por carência, diz registro

Golden Cross nega envolvimento

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O Sindicato dos Médicos do Rio leva hoje ao Ministério Público documentos que indicam que Líbia Gomes dos Santos foi retirada da mesa de cirurgia por faltarem dois meses para o fim do período de carência de seu plano de saúde.
Baseado nos documentos, o Ministério Público deverá pedir à Justiça abertura de inquérito para apurar a responsabilidade pela retirada da parturiente do centro cirúrgico do hospital Metropolitano (Engenho de Dentro, zona norte) no último dia 2.
O sindicato recebeu ontem dois prontuários médicos com relatos da transferência de Líbia do Metropolitano para a maternidade Carmela Dutra (Lins, zona norte).
Em um prontuário, o anestesista Isaac Levy afirma que a paciente, "por motivos burocráticos, foi transferida para outro hospital".
No documento, Levy diz que Líbia já estava anestesiada quando foi determinada a transferência. O médico não informa, no prontuário, quem deu a ordem.
Assina o segundo prontuário o obstetra Paulo Roberto de Almeida. Ele confirma que a anestesia já estava aplicada quando houve a comunicação de "que a paciente estava em carência".
Líbia, 31, foi transferida com um cateter anestésico espetado às costas. A maternidade Praça 15 não a recebeu, sob a alegação de que não havia vagas. A diretora da maternidade, Sara de Paula, guardou os prontuários e os encaminhou ao Sindicato dos Médicos.
"É um absurdo o que aconteceu. Estamos estudando um modo de denunciar à polícia os donos do hospital e os diretores da Golden Cross", disse Luiz Tenório, presidente do sindicato.
A paciente foi operada na Carmela Dutra 12 horas após o início das providências cirúrgicas.
Por causa da demora, o filho, Jaime, sofreu ruptura intestinal. Seu estado de saúde é grave. Ele é prematuro.
Em nota, a Golden diz que foi consultada pelo hospital sobre a situação contratual de Líbia. A negativa "ocorreu em função do período de carência contratual".
O Metropolitano também divulgou nota. O hospital diz que transferiu a paciente por não ter unidade de tratamento neonatal, que seria indispensável ao tratamento do recém-nascido.

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