São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997
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Incor revela problema com emagrecedores

Cerca de metade dos examinados apresentou alterações

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

Exames realizados no Brasil constataram o que já havia sido verificado por uma clínica norte-americana em julho passado: a utilização de dexfenfluramina e fenfluramina -reguladores de apetite- podem causar problemas cardíacos nos pacientes.
O Incor (Instituto do Coração) e a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade) aplicaram ecocardiogramas em 42 pessoas que tomavam uma das drogas por mais de seis meses. Aproximadamente metade dos pacientes apresentou alterações vasculares cardíacas que podem ser atribuídas ao uso da droga.
A informação foi divulgada ontem pelo presidente da Abeso, Alfredo Halpern, que até então dizia que a suspensão da comercialização das drogas era precipitada.
No último mês, a FDA -agência reguladora de drogas e alimentos nos EUA- recomendou a retirada provisória dessas drogas e advertiu sobre os riscos da associação "fen-phen" (fenfluramina com phentermina), depois que a clínica Mayo -muito respeitada nos EUA- relatou 24 casos de mulheres que tomavam a combinação e desenvolveram problemas nas válvulas do coração.
Halpern afirma que, no Brasil, não existiam dados suficientes para a retirada do produto do mercado, já que as complicações encontradas nos EUA se referiam a associações de fenfluramina com phentermina -esta última não utilizada no Brasil.
"Até o resultado de nossos exames, não estávamos convencidos de que a dexfenfluramina isolada causasse alguma complicação."
Segundo ele, a alteração mais observada foi o espessamento da válvula aórtica, que dificulta seu funcionamento. A dúvida é saber quantos já apresentavam o problema antes de tomar a droga.
"Não podemos afirmar que o grande causador das alterações seja o medicamento. Mas o resultado foi suficiente para pedirmos que os laboratórios suspendam as vendas." Existem no mercado brasileiro quatro medicamentos à base de dexfenfluramina ou fenfluramina. Outros, como Minifage-AP, Lipase, Isomeride e Fluril, foram retirados do mercado por iniciativa dos laboratórios quando surgiu a polêmica nos EUA.

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