São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997
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Erro leva ministério a perder verba

AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O esporte vem perdendo recursos federais durante o governo FHC pela à ineficácia do Ministério dos Esportes, liderado por Edson Arantes do Nascimento (Pelé).
O Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), órgão do ministério que gerencia os recursos, não consegue gastar o dinheiro liberado pelo governo.
É como se alguém precisasse comprar alguma coisa, soubesse onde comprar, tivesse o dinheiro, mas não fosse à loja.
"Estamos tentando superar os problemas de gestão dos recursos. Temos que arrumar a casa", disse a diretora de Orçamento do Indesp, Madalena de Almeida.
Em 96, segundo o Siafi (sistema informatizado pelo qual é possível acompanhar os gastos do governo), o Indesp recebeu R$ 85,3 milhões, mas só conseguiu usar R$ 58 milhões. Neste ano, até setembro, o Indesp tinha recebido R$ 69 milhões, R$ 26 milhões a mais do que conseguira gastar.
Essa sobra de caixa fará com que a área econômica do governo diminua o orçamento previsto para o esporte em 98.
"Se a Secretaria do Tesouro vê que o dinheiro dado não está sendo gasto, ela corta", disse o deputado Augusto Carvalho (PPS-DF).
Corte
Em 98, segundo a previsão do governo, o ministério de Pelé vai receber R$ 83 milhões. É o setor da União que vai receber menos e o que terá o maior corte percentual em relação a este ano. São 31% a menos do que o aprovado para 97.
"O (Antonio) Kandir (ministro do Planejamento) foi o primeiro zagueiro que o Pelé não conseguiu driblar. Está paralisando o ministro em 98", disse Carvalho.
Segundo a assessoria do Ministério do Planejamento, ao fixar em R$ 83 milhões os recursos para o esporte, os técnicos do Orçamento levaram em consideração o total gasto em 96 (R$ 58 milhões).
Esse processo ocorre com todos os ministérios.
É bom lembrar que nenhum ministério recebe todos os recursos previstos, por causa dos cortes feitos pela área econômica no Orçamento aprovado pelo Congresso.
Em 96, o Ministério da Fazenda tirou da pasta de Pelé R$ 31,5 milhões dos R$ 115 milhões aprovados pelo Congresso.
Mas dezenas delas não prestam contas do que recebem e por isso ficam impedidas de receber dinheiro público no futuro. Isso restringe os meios de o Indesp liberar seus recursos.
"Estamos atrasados na análise das contas. Pegamos 500 processos pendurados", disse Madalena.

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