São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997 |
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Gastos com armas aumentam no mundo
RICARDO BONALUME NETO
Os dados do relatório se referem ao ano passado. O comércio internacional de armas aumentou de US$ 36,9 bilhões em 95 para US$ 39,9 bilhões em 96. E até a América Latina voltou a comprar mais armas neste final de década de 90, um período que começou esperançoso com o fim do comunismo na então URSS, mas que hoje já demonstra estar repleto de incertezas. O principal mercado de armas do mundo, o Oriente Médio, continua sendo o maior comprador, e continua tendo tensões suficientes para justificar a atitude. Curiosamente, ainda existe um "dividendo" no Primeiro Mundo. Mas se europeus ocidentais e americanos estão comprando menos armas para suas Forças Armadas, também estão vendendo cada vez mais para o resto do planeta. Os três maiores vendedores de armas são Estados Unidos, Reino Unido e França. O maior comprador é a Arábia Saudita, beneficiada recentemente por um aumento nos preços do petróleo. Em seguida vem o Egito. Outros grandes compradores são Japão, Reino Unido, China, Taiwan, Coréia do Sul, Kuait, Israel e Turquia. Quase todos são aliados íntimos dos EUA e grandes compradores de armas americanas. Israel, apesar de estar no fulcro da crise do Oriente Médio, tem comprado menos armas no mercado externo porque tem procurado produzi-las no próprio país, como o tanque Merkava, provavelmente o melhor do mundo. No caso latino-americano, o instituto comenta que um dos fatores a aumentar as vendas é a decisão do governo americano de liberar a venda de armamento mais sofisticado à região. Mas outros países também intensificaram suas atividades, como as antigas repúblicas soviéticas de Belarus e Rússia, que estão vendendo aeronaves para o Peru e a Colômbia. Mesmo a neutralista Suécia tem procurado aumentar suas vendas na região. A Força Aérea Brasileira é um dos principais mercados nos próximos anos, com a Suécia tentando vender seu caça Gripen, concorrendo com franceses, americanos e russos. O relatório não apenas registra a evolução do comércio de armas, como também procura fazer análises. Sua análise regional relativa à América Latina deverá ser encarada pelos militares da região como uma tentativa de ditar regras do agrado dos americanos. A análise poderia ter sido feita pelo Departamento de Estado dos EUA. Segundo o IISS, muitas das Forças Armadas latino-americanas "ainda estão organizadas e equipadas para enfrentar as ameaças externas, que diminuem, em vez de grupos armados com muitos objetivos políticos e ligações com o crime organizado". Ou seja, o instituto defende a visão americana de que as Forças Armadas da região deveriam se concentrar na luta contra o tráfico de drogas -cujo principal mercado são os EUA. Próximo Texto: Brasil e Argentina negociam no Mercosul Índice |
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