São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997 |
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Raúl Castro é o substituto natural
NEWTON CARLOS
A expectativa era a de que o novo cargo definisse com maior clareza uma linha de sucessão, mas o próprio Fidel trata de confirmar o que se diz há muito tempo, que seu irmão Raúl, logo abaixo dele na hierarquia do regime, como segundo-secretário do PC, já estaria carimbado como herdeiro. Nenhuma surpresa, portanto. Mortos Che Guevara e Camilo Cienfuegos, dos históricos de primeira grandeza sobram Fidel e Raúl. Os laços de sangue são fortes elementos de confiança mútua, mas é preciso não esquecer que Raúl tem a sua história. Optou pelo comunismo muito antes de Fidel, embora a experiência inicial, de jovem idealista, tenha sido traumática. Quando Fidel liderou o ataque ao quartel de Moncada, a 26 de julho de 1953, Raúl era da juventude comunista, de onde saiu porque o partido chamou o assalto de aventureirismo. O reencontro só se daria depois do triunfo da revolução. Raúl não é figura popular em Cuba. Não tem carisma e é considerado linha-dura, personalidade intolerante. Embora segundo-secretário do PC, logo a figura número dois do regime, é muito mais identificado com o cargo de ministro das Forças Armadas, cabeça inflexível do enorme aparato militar, e como controlador dos serviços de segurança. Mudança e continuidade Numa definição mais abrangente, Raúl surge como homem do aparelho. Coube a ele apresentar a proposta de redução do número de membros do Comitê Central de 225 para 150, enunciada oficialmente como golpe na burocracia. "Novos tempos requerem mais agilidade", justificou. O objetivo é transformar o CC num "órgão de trabalho coletivo, para análise e tomada de decisões estratégicas". Ficaria com Raúl a supervisão direta dessa espécie de "think tank", subordinado aos princípios básicos adotados pelo congresso do PC: socialismo, partido único e Estado como força "rectora" da economia. Esse congresso passaria à história como o da continuidade. Seria tarefa de Raúl, já quase consagrado como herdeiro, cuidar do binômio agilidade sem descontinuidade. Fale-se nisso ou não, o regime cubano assume um caráter dinástico e isso, somado às decisões do Congresso, deve endurecer ainda mais as pressões dos EUA. Está em tramitação no Congresso americano projeto de lei exigindo dos países do Caribe que Cuba seja afastada de organizações caribenhas de comércio e integração. Texto Anterior: Fidel quer a 'energia' do irmão no poder Próximo Texto: Seul condena filho de Kim a prisão e multa Índice |
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