São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Clinton janta sob mira de canhões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

Imprensa é tema na mesa com FHC
A segurança do presidente dos EUA deixou que Clinton ficasse, por duas vezes, em Brasília, sob a mira de canhões, metralhadoras e até tanques de guerra.
Um dos maiores arsenais privados do país esteve apontado para ele durante as seis horas que passou em jantar no Palácio da Alvorada. Teoricamente, teria sido possível bombardear o local.
No setor de mansões do lago Paranoá estão apontados para o Palácio da Alvorada, 3 km adiante, na outra margem do lago, 11 tanques de guerra e 13 canhões em bom estado de funcionamento, muitos comprados diretamente do Exército.
"Se eu quisesse, poderia ter bombardeado o presidente norte-americano. Mas avise a ele que eu sou de paz e que meu arsenal está desativado", ironiza o dono das armas, o arquiteto Hamilton Caramaschi, 54.
Colecionador de armas desde os 12 anos de idade, Caramaschi não acredita que a segurança da Casa Branca tenha cochilado ao permitir Clinton ficasse sob a mira de suas armas. "Vários adidos norte-americanos já conheceram a coleção."
O comportamento da imprensa e a entrada de Chelsea, a filha de Bill Clinton, na universidade foram os dois assuntos que mobilizaram as atenções da mesa de FHC e Clinton no jantar.
"Clinton falou sobre a imprensa dos EUA, que, segundo ele, mesmo admitindo que mentiu, não pode ser punida judicialmente, e sobre a dificuldade de lidar com isso", declarou o cantor Gilberto Gil, um dos convidados sentados à mesa com FHC e o presidente norte-americano.
Ao comentário de Clinton, FHC teria respondido que, no Brasil, a situação seria "um pouco melhor", já que a confissão sobre um erro seria suficiente para que o jornalista fosse responsabilizado na Justiça.
Clinton mostrou bom humor. "Em resposta à piada de Fernando Henrique, que disse esperar que Clinton voltasse muitas vezes ao Brasil, o presidente norte-americano disse que corríamos o risco de ele não sair daqui", afirmou o cantor.
Além de Gil, também faziam parte da mesa o senador Antonio Carlos Magalhães e o presidente da Câmara, Michel Temer.
Clinton perguntou se Temer ajudava FHC nas votações na Câmara. FHC respondeu que sim, seguido pelo testemunho do próprio Temer. "I do my best" (faço o melhor que posso), respondeu, em inglês.

Texto Anterior: Manifestante perde dois dedos durante protesto contra Clinton
Próximo Texto: Saiba quem estava no jantar presidencial
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.