São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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Escola estadual deixa alunos sem aula para receber Hillary Clinton

DA REPORTAGEM LOCAL

A escola estadual que será visitada amanhã pela primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, deixou a maior parte de seus 1.800 alunos sem aulas na última semana para efetuar uma "maquiagem" em seu prédio na zona sul de São Paulo.
A Escola Estadual de Primeiro Grau Antônio Manoel Alves de Lima faz parte de um projeto de capacitação de professores sustentado por 82 empresas, a maioria delas ligada à Câmara Americana de Comércio.
"É um absurdo. Tivemos casos de alunos que ficaram sem aula até por duas semanas", afirmou Luís Cláudio de Lima, da regional sul da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, ligado à CUT).
Para a escola, não foram tantos dias sem aula. "Reformamos e pintamos salas em dois períodos, um na manhã e outro na tarde. Ontem (segunda-feira) tivemos meio período, hoje (ontem) e amanhã (hoje) não tem aula", afirmou o professor de história Jaílson David da Silva.
O custo da reforma, e quem a pagou, é uma incógnita. A Apeoesp quer saber o valor e compará-lo com o investido em outras escolas da região no mesmo período.
O Programa Qualidade no Ensino, que começou a ser implementado na escola em 92, reduziu a evasão e a repetência segundo seus organizadores. Em 94, ele foi adotado por quatro escolas estaduais.
Antes do programa, segundo os organizadores, apenas 8 de cada grupo de 100 alunos do 1º grau chegavam ao 2º. Hoje, o número subiu para 80 nas escolas onde o projeto foi desenvolvido.
O principal ponto do programa é a capacitação de professores de português e matemática. Eles recebem treinamento de coordenadores pagos pelas empresas.
Os alunos são avaliados três vezes ao ano e recebem aulas de reforço de acordo com suas deficiências. O programa atinge 140 professores e 6.500 alunos.
A Apeoesp contesta esses números. "Na verdade, não vemos nada disso que é propagandeado", afirma Luís Cláudio de Lima.

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