São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997 |
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Roraima culpa laboratório por morte de bebês
MARCELO MOREIRA; ESTANISLAU MARIA
Há dois meses, o Estado foi julgado responsável pelas mortes e condenado a indenizar as famílias dos bebês, mas recorreu da sentença. O recurso ainda não foi julgado nem o valor das indenizações foi definido. A acusação da Secretaria da Saúde contra o laboratório se baseia em um laudo do Centro de Controle de Doenças de Atlanta (EUA), com data de 25 de setembro, divulgado anteontem. Segundo o documento, as mortes ocorreram no Hospital Estadual Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré por causa da contaminação na água bidestilada e glicose a 25% fornecidos pelo Hipolabor, de Santa Luzia (MG). "Isso não tira a responsabilidade civil do Estado de Roraima, que aplicou os medicamentos e já foi condenado a indenizar as famílias", disse o promotor do caso, Edson Damas da Silveira, 34. Para o promotor, "esse relatório pode mudar o processo criminal, que apura os culpados pelas mortes". Os denunciados serão acusados de homicídio culposo (não intencional). O promotor não sabe quando vai oferecer a denúncia. A maternidade foi investigada, na época, pela Secretaria Estadual da Saúde, pelo Ministério da Saúde, por comissões de deputados estaduais, federais e senadores. Todos os órgãos apontaram as precárias condições do hospital. A então diretora da maternidade, Odete Domingues, foi afastada. A equipe do Centro de Controle de Doenças de Atlanta veio ao Brasil em 96 e recolheu o material que julgou necessário para eleborar o laudo. O documento é assinado pelos médicos Denise Garret e Clifford McDonald. "Nossos estudos epidemiológicos sugeriram que ou uma bactéria ou uma contaminação pirogênica (produzida pelo calor) de fluidos intravenosos estava causando o ataque violento." "Os testes detectaram níveis elevados de endotoxina em frascos fechados de água bidestilada para injeção e glicose a 25% produzidos pelo laboratório Hipolabor." "As crianças da maternidade foram contaminadas com altas doses de endotoxina, que foi a causa primária das fatais reações febris ou predispuseram as crianças à bacteremia e morte", afirmam. Para o deputado federal Salomão Cruz (PSBD-RR), que coordenou a comissão da Câmara dos Deputados, o relatório não é confiável, porque foi contratado pelo governo, "maior interessado", e vai de encontro a laudos feitos no Brasil. (MARCELO MOREIRA e ESTANISLAU MARIA) Texto Anterior: Leitora se queixa de atendimento Próximo Texto: Entenda o que aconteceu em 96 Índice |
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