São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997 |
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Chances de sequelas são reduzidas
NOELLY RUSSO
"A depressão provocada no sistema nervoso é um procedimento adotado no país há 15 anos. Os grandes hospitais da rede pública e privada em São Paulo estão habilitados a usar o tratamento", diz Luiz Alcides Manreza, 54, diretor do Serviço de Neurologia de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). O coma, do ponto de vista fisiológico, é a ausência de qualquer atividade consciente. "Quando a pessoa está com olhos abertos, já não é considerada em coma, mesmo que ela não apresente respostas", diz Manreza. Para o neurologista Jorge Roberto Pagura, 49, neurocirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein e professor-titular de Neurocirurgia da Faculdade de Medicina do ABC, a sedação profunda -termo que prefere a coma induzido- é um procedimento que só deve ser usado em circunstâncias especiais. Tanto Pagura quanto Manreza preferiram não comentar o caso do professor Castro, "por ele não ser paciente". "A diferença entre o coma, resultado de algum trauma neurológico, e da sedação profunda é enorme. O primeiro estado quase sempre deixa alguma sequela. Já a sedação é um procedimento controlado que, se bem aplicado, permite que o paciente volte à vida normal, sem sequelas", afirma Manreza. Pagura tem a mesma opinião. "A sedação profunda pode até evitar que o paciente tenha sequelas. Ela pode ser usada em indivíduos que têm diagnóstico de lesão neurológica ou, como parece ser o caso de Castro, precisam receber respiração artificial por traumas toráxicos. A sedação faz com que o paciente não lute contra o respirador, um aparelho incômodo", diz Pagura. Segundo Manreza, uma possibilidade de sequela é se o professor Castro tiver, eventualmente, sofrido de hipóxia, perda de oxigênio no sangue. "Nesse caso, as supostas e eventuais sequelas, teriam origem da falta de oxigenação cerebral e não no procedimento de sedação profunda. Não sei se é o caso, não conheço o paciente. Isso ocorre em termos gerais." Texto Anterior: Acusado não sabe de indiciamento Próximo Texto: Laudo culpa laboratório por morte de bebês Índice |
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