São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
Próximo Texto | Índice

Brasil prorroga vantagem ao Mercosul

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central prorrogou ontem, pela segunda vez, a exceção aberta para os países do Mercosul, incluindo os associados Chile e Bolívia, às regras que restringem o crédito às importações. Segundo Gustavo Franco, presidente do BC, a decisão foi "política".
A expectativa era de que a vantagem fosse cancelada, atendendo a razões técnicas, mas prevaleceu a posição político-diplomática do Itamaraty. A decisão também coincide com a partida do presidente Bill Clinton -no Brasil desde segunda-feira à noite- para a Argentina, o parceiro do Mercosul que mais reagiu à restrição.
O prazo dentro do qual os produtos dos países do Mercosul sofrem restrições menores, que venceria em 31 de outubro, foi alongado até 28 de fevereiro.
Isso significa que até lá as importações até US$ 40 mil e com prazo de 90 dias provenientes desses países continuarão fora das restrições adotadas em março.
Em março, o BC determinou que a contratação de câmbio (troca de reais por dólares) das importações com até 360 dias de prazo para pagamento fosse feita com até 180 dias de antecedência. Com isso, importações até 180 dias deveriam ter pagamento à vista.
A medida, na prática, foi uma restrição ao financiamento das importações. O Brasil quer reduzir o déficit na balança comercial.
O presidente do BC, Gustavo Franco, disse que o "assunto extrapola a área técnica e faz com que as decisões sejam direcionadas para a área política".
Franco disse que, do ponto de vista técnico, o período de adaptação concedido aos países do Mercosul já foi suficiente.
"À luz de outros interesses nacionais, o governo achou conveniente a prorrogação."
O presidente do BC referiu-se à consolidação do Mercosul, que o governo brasileiro estabeleceu como prioridade em sua agenda diplomática. Uma das principais queixas dos parceiros no bloco é, justamente, a restrição a importados por parte do Brasil.
Franco disse que não há como mensurar o impacto das restrições nas importações de produtos vindos do Mercosul, Chile e Bolívia. "Tenho a impressão de que foi importante. Se não tivesse efeito, não teria tanta gente de fora reclamando", disse Franco.

Próximo Texto: Batendo o martelo; Objeto do desejo; Mudando a pauta; Em recuperação; Feito de poucos; Caixa vazio; Dois brasis; Otimismo concentrado; Encalhe maior; Cortando vagas; Apelo aos deuses; Socorro imediato; Duas âncoras
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.