São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disputa por passageiro envolve R$ 156 mi/mês

ROGÉRIO GENTILE

ROGÉRIO GENTILE; MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas afirmam perder faturamento de cerca de R$ 20 milhões por mês por causa de perueiros

O motivo da disputa entre perueiros e empresas de ônibus (apoiadas por taxistas e sindicato dos motoristas) é um mercado de cerca de R$ 156 milhões por mês.
Com esse dinheiro, para efeito de comparação, seria possível construir 1,5 quilômetro de metrô.
Desde 1995, os perueiros "roubaram" 900 mil passageiros por dia das empresas (a prefeitura diz que o número é menor: 540 mil).
Segundo os cálculos das empresas, isso significa uma perda mensal de faturamento de cerca de R$ 20 milhões. Hoje, para transportar todo mês cerca de 140,5 milhões de passageiros, as empresas recebem cerca de R$ 136 milhões.
Os empresários dizem que a culpa pela perda de passageiros é da Prefeitura de São Paulo, que regulamentou parte dos perueiros e não estaria combatendo os ilegais.
"A diminuição do número de passageiros transportados é provocada, principalmente, pela concorrência predatória e selvagem do transporte alternativo e do clandestino. Concorrência permitida pelos órgãos públicos, que não a coíbem nem fiscalizam, como lhes compete", escreveram os empresários em manifesto sobre "a crise no transporte coletivo".
Nesse documento, porém, os empresários ignoraram o fato de que esse público migrou em busca de um transporte mais confortável (ninguém viaja de pé), mais rápido e, no caso dos ilegais, mais barato.
Ao creditar toda a culpa à prefeitura, os empresários não assumem a responsabilidade de investir em ônibus melhores para tentar recuperar o passageiro que migrou.
A prefeitura, por sua vez, por causa da crise financeira, praticamente não investiu em corredores exclusivos de ônibus neste ano, o que ajudaria a aumentar a velocidade comercial dos ônibus.
A simples substituição dos ônibus pelos perueiros, porém, não é a saída para o transporte coletivo, segundo Jaime Waisman, especialista em transportes da USP.
A substituição, numa escala progressiva, disse Waisman, só contribuiria para a piora do trânsito da cidade, pois as peruas levam menos gente do que os ônibus.
Apesar disso, segundo ele, os 5.300 perueiros da cidade -números oficiais- podem complementar o serviço de ônibus.

Texto Anterior: Campinas pode ter tornados em novembro
Próximo Texto: Pitta promete fiscalização
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.