São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Vereador e 'criador' são contra perueiros

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O autor do projeto que suspende a profissão de perueiro em São Paulo, vereador Natalício Bezerra (PTB), admite que seu texto defende interesses dos taxistas, cujo sindicato ele preside desde 87.
"Eu defendo, sim, os taxistas. E isso é legítimo, porque fui eleito por eles e tenho a obrigação de atendê-los", afirma.
Outros dois projetos de autoria do vereador que beneficiam motoristas de táxis tramitam na Câmara. O primeiro permite que os táxis trafeguem em faixas privativas, como as faixas exclusivas de ônibus. O texto já foi aprovado em primeira votação.
Bezerra é autor também de um projeto de lei que obriga grandes estabelecimentos comerciais, como shopping centers, a reservar áreas destinadas ao embarque e desembarque de passageiros de táxis. O texto aguarda votação.
Mas os interesses dos taxistas, segundo Bezerra, não são sua principal motivação no projeto que extingue os lotações. O vereador diz que os perueiros descumprem a legislação trabalhista, não oferecem segurança aos passageiros e não respeitam horários.
'Criador' contra
A profissão de perueiro em São Paulo perdeu o apoio até de quem a criou, o ex-secretário dos Transportes da gestão Erundina Adhemar Gianini.
Apesar de ter assinado, em 28 de fevereiro de 1990, o decreto que autorizou o transporte de passageiros em lotação, Gianini afirma que a atividade inviabiliza o planejamento do transporte público. "A revogação do decreto não traz nenhum malefício à cidade."
Gianini afirma que a atividade elimina empregos, ao invés de criá-los, porque reduz o número de passageiros transportados pelos ônibus e, consequentemente, o contingente de motoristas e cobradores empregados.
Se é assim, por que o ex-secretário criou o projeto que legalizou a atividade? Gianini afirma que a prefeitura precisava, em 1990, de uma alternativa para enfrentar as greves de motoristas de ônibus.
"Mas o decreto só autoriza a atividade. O credenciamento -sem o qual os perueiros não poderiam trabalhar- dependia de autorização do secretário, e eu nunca dei uma", afirma Gianini.
(RV)

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