São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Dois moradores de rua são queimados em SP

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas pessoas tiveram seus corpos queimados enquanto dormiam na madrugada de ontem na região central de São Paulo.
Os dois ataques aconteceram de maneira semelhante. Os agressores jogaram álcool nos corpos das vítimas e, em seguida, jogaram palitos de fósforos acesos sobre eles.
A primeira vítima foi Cristiane Pereira Marques, 19, que seria viciada em crack e vivia com um grupo de dependentes na rua General Couto de Magalhães, próximo à estação da Luz.
A segunda pessoa incendiada foi o travesti Paulo Sérgio de Jesus, 23, que dormia sob uma passarela na rua Avanhandava, na Bela Vista.
Até a noite de ontem, Cristiane e Paulo continuavam internados, correndo risco de vida.
Travesti
O ataque a Paulo aconteceu por volta das 6h30 de ontem, quando ele dormia em um colchão ao lado de outros cinco travestis.
Segundo o travesti Marcelo Tadeu Alves, 29, que estava com Paulo no momento do crime, um Passat branco com dois homens parou ao lado do grupo. Um dos homens, usando um capuz que cobria o rosto, despejou álcool sobre o rosto e o corpo de Paulo.
Em seguida, ele jogou palitos de fósforo acesos sobre o travesti. Com o corpo em chamas, Paulo saiu correndo pedindo socorro.
Teresa Deko, gerente de um sacolão que fica em frente ao local do crime, viu o mendigo em chamas e ligou para a polícia. Os outros travestis apagaram as chamas utilizando cobertores e lençóis.
Um carro do resgate dos bombeiros levou Paulo ao Hospital da Clínicas. Até as 21h de ontem, ele continuava internado na UTI do hospital. Segundo a assessoria de imprensa, ele tinha mais de 50% do corpo com queimaduras de terceiro grau, estava inconsciente e entubado e corria risco de vida.
Alves disse que o grupo de travestis é constantemente ameaçado de morte por comerciantes da região da rua Avanhandava.
Paulo é portador do vírus da Aids e faz tratamento no Hospital Emílio Ribas. O caso foi registrado no 4º DP (Consolação).
Garota
Já Cristiane foi atacada por volta das 5h30, em uma "favela" improvisada com móveis e colchões, onde vivem cerca de 50 pessoas supostamente viciadas em crack.
Ela teria sido queimada por outros viciados com quem teria divergências por dívidas de drogas. Ela também foi socorrida pelo resgate e levada à Santa Casa, onde permanecia internada em estado grave até a noite de ontem.
Policiais do 3º DP (Santa Ifigênia), que registraram o caso, não têm pistas dos autores. A polícia descarta ligação entre os crimes.

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