São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Associação de torcidas quer punição a agressores

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente interino da Associação das Torcidas Organizadas do Estado de São Paulo (Atoesp) , Cláudio Romero, defendeu ontem a punição para todos os torcedores que participaram do ataque ao ônibus do Corinthians na quarta-feira de madrugada na rodovia dos Imigrantes.
"Esses caras têm que ser processados e presos. A Atoesp vai se reunir e vamos exigir que a Gaviões expulse todo mundo que participou daquilo. No mínimo, eles vão ter que abrir uma sindicância e suspender os envolvidos."
Romero disse que essa punição tem que atingir inclusive todos os diretores que participaram da emboscada.
Segundo diretores e o chefe de segurança do Corinthians, o próprio presidente da Gaviões, Douglas Deungaro, o Metaleiro, esteve no ataque aos jogadores.
Romero qualificou a atitude dos agressores de "injustificável". Disse que queria fazer a reunião ontem mesmo, mas isso acabou não acontecendo.
O dirigente disse, entretanto, que o episódio "está sendo usado para jogar de novo a sociedade contra as torcidas organizadas".
"Quem fez aquilo tem que ser punido. Mas não se pode usar a ação de 40 pessoas como pretexto para punir todas as torcidas, que reúnem 400 mil pessoas, ao todo. Não é porque PMs massacraram presos no Carandiru ou agrediram e mataram uma pessoa inocente em Diadema que se vai pedir a extinção da PM."
Romero disse que há uma campanha contra as torcidas.
"Nos 30 anos em que existem torcidas, três pessoas morreram em estádios. Duas das mortes ocorreram em jogos de juniores, com entrada gratuita, em que a frequência é diferente do normal. A outra foi num Guarani x Corinthians, em que a PM abriu um setor da torcida do Guarani para os corintianos."
Ele lembrou ainda que, em maio deste ano, um torcedor, o advogado Zacarias Baracho, morreu de infarto em virtude de um tumulto na entrada do Brinco de Ouro -torcedores com ingresso foram barrados pela PM porque não havia mais espaço.
Apesar de no estádio haver mais de 40 mil lugares, o público registrado foi de 27.118 pessoas. Uma das causas da morte foi a demora no socorro. Não havia ambulância no estádio. "Nesse caso, como não podiam nos culpar, a repercussão foi bem menor."
O dirigente admitiu, porém, que as negociações com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo para a volta das torcidas devem ser afetadas.
"Além do absurdo do ato, não há dúvida de que ele aconteceu num momento inoportuno."
Uma das medidas propostas pela Atoesp é criação de uma carteira de identificação. Os torcedores teriam que entregar a carteira no início do jogo. Se um torcedor participasse de algum ato violento, seria identificado por ela.
(MD)

LEIA MAIS sobre a Gaviões na pág. 3-16

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