São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Camelôs fecham lojas do centro de SP

MARCELO OLIVEIRA
ANDRÉ MUGGIATI

MARCELO OLIVEIRA; ANDRÉ MUGGIATI
DA REPORTAGEM LOCAL

Guardas-civis, PMs e fiscais da prefeitura impediram que ambulantes voltassem a montar barracas na praça da Sé

Cerca de 500 camelôs fecharam ontem parte do comércio do centro de São Paulo. O grupo protestava contra a retirada dos camelôs da praça da Sé, executada anteontem por determinação do prefeito Celso Pitta.
A manifestação durou das 8h às 17h30. Os camelôs deram quatro "voltas" pelo centro histórico, passando pelas ruas São Bento, Direita e Boa Vista, praças Ramos de Azevedo e Princesa Isabel, avenidas Rio Branco e São João, viadutos do Chá e Santa Ifigênia.
Na frente de cada estabelecimento pelo qual passavam (exceto farmácias), os camelôs gritavam "fecha". Caso a "ordem" não fosse cumprida, os camelôs paravam em frente à loja, gritando até as portas serem cerradas. À tarde, passaram a usar apitos.
Às 17h30, dizendo estar exaustos, decidiram interromper as caminhadas, que devem ser retomadas hoje, às 7h. Os camelôs descartam voltar a armar suas barracas na Sé enquanto o policiamento estiver reforçado.
Os comerciantes foram escolhidos como alvo da manifestação porque, segundo os camelôs, também seriam responsáveis pela proibição dos ambulantes na Sé.
As passeatas não tinham a adesão de todos os camelôs presentes. A cada volta, o número de ambulantes variava de 150 a 300, enquanto os demais ficavam dispersos na praça da Sé e arredores.
A praça, por sua vez, estava tomada por 280 guardas civis metropolitanos, com 28 carros.
Na primeira volta dos camelôs no centro, às 8h, algumas lojas já estavam abertas.
Essa passeata terminou às 9h e passou pelas ruas Direita, São Bento e 15 de Novembro. Às 8h10, foi fechada a primeira loja, a Nelson das Bolsas, na esquina da rua Direita com a praça da Sé.
Correndo e gritando palavras de ordem, alguns dos manifestantes investiram contra as portas de aço de algumas lojas, fechando-as.
Muitos comerciantes, assustados, preferiram evitar confronto e mandaram os funcionários fechar as portas. Eles mantinham os empregados no interior das lojas, aguardando a situação se acalmar.
Para evitar tumulto, a PM passou a acompanhar a manifestação às 8h25, com policiais percorrendo o percurso com os camelôs, passando entre os manifestantes e se posicionando entre os funcionários das lojas e os ambulantes.
Depois que os camelôs passavam, os comerciantes reabriam as lojas, com as portas pela metade.
A maior loja a fechar as portas foi o Mappin da praça Ramos de Azevedo, pela primeira vez às 9h45 e, pela segunda, às 15h40.
Usando rádios, os PMs informavam aos comandantes da operação sobre o trajeto dos camelôs.
A ordem do comando era permitir a livre manifestação dos camelôs e reprimir os manifestantes somente em caso de depredação e intimidação por meio de agressões.
A ordem excluía qualquer participação da Guarda Municipal na repressão de tumultos. A Folha apurou que a presença dos guardas era tida pela PM como uma provocação que poderia exaltar mais os ânimos dos camelôs.
O menor E.L., 16, foi detido, acusado de fazer tumulto, mas foi liberado em seguida.

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