São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Africanos rejeitam mediação internacional

REMY OURDAN
DO "LE MONDE"

Em três anos, o poder, em três países da África Central, foi conquistado pelas armas, com o apoio de Estados da região. Após os conflitos em Ruanda e no Zaire (hoje República Democrática do Congo), Denis Sassou Nguesso tomou o Congo-Brazzaville pela guerra.
Esses três conflitos são diferentes. É impossível comparar Ruanda, onde um genocídio foi levado a cabo, o ex-Zaire, onde o marechal Mobutu Sese Seko manteve o país, por décadas, imerso em corrupção e miséria, e o Congo, onde um presidente eleito e um ex-presidente lutaram pelo poder. O ponto em comum é que os africanos conservam o poder sobre seu destino, passando por cima das tentativas de mediação internacional.
Mãos atadas
As potências ocidentais influentes no continente, os EUA e a França, opõem-se a intervenções militares. Os norte-americanos e os franceses têm seus traumas: o fiasco somali de Washington, a tragédia ruandesa e uma vontade de romper com seu passado colonialista por parte de Paris.
A ONU se depara com sua impotência. Uma força multinacional poderia ter sido enviado ao Congo assim que um cessar-fogo fosse respeitado. Quando se desenhava o fim dos conflitos, o Conselho de Segurança evocou "planos de emergência". A ONU, porém, esteve com as mãos amarradas na África como ocorreu na Europa, nos Bálcãs, quando os ocidentais afirmaram que intervir era mais arriscado que não intervir.
Os africanos se voltam para os africanos. Sassou Nguesso ganhou a guerra congolesa firmando uma aliança com a vizinha Angola, ao passo que Pascal Lissouba (o presidente congolês derrotado) se viu isolado regionalmente. O sangue foi derramado. E a comunidade internacional reconheceu o novo líder do país.

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