São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Lagerfeld faz homenagem a Coco Chanel

MARIANE COMPARATO
DE PARIS

Para o desfile de primavera-verão 98 da Chanel, que aconteceu ontem em Paris, o estilista alemão Karl Lagerfeld resolveu fazer uma homenagem a Coco Chanel, fundadora da marca.
O costureiro dividiu a coleção em seis partes, que revisitavam os "looks" consagrados por Coco. "Mas são 'looks' totalmente reinterpretados para os dias de hoje e amanhã", avisou Lagerfeld.
Na passarela, desfilaram tailleurs em tweed com fios entrelaçados em cores pastel, vestidos pretos e beges em crepe e cetim, saias compridas em tule plissado e boinas. O "look" atual ficou com os cabelos com "dreadlocks" (espécie de tranças criadas na Jamaica) e calças e saias de cós baixo.
Na sala, apinhada de gente, alguns atores assistiam ao desfile, como Demi Moore, Gérard Depardieu e Carole Bouquet.
Mistura étnica
Para sua coleção de pret-à-porter primavera-verão 98, o estilista japonês Kenzo transformou ontem uma das salas do Carrousel du Louvre em uma réplica do deserto do Saara: na passarela, havia um banco de areia e, no fundo, uma paisagem do deserto.
Antes de entrar na passarela, uma imagem deformada de cada modelo era projetada na paisagem, criando na platéia a ilusão de uma miragem.
Os modelos não lembravam só a África, mas também a Ásia e o Oriente.
O estilo safári, nas cores cáqui e branco, e os sáris coloridos com motivos africanos, como o "zebrado" em azul e preto, aludiam ao Saara. Os pareôs em jérsei "dévoré" com cores fortes lembravam Bali. Quimonos e golas chinesas remetiam ao Sudeste Asiático.
As calças e as saias deixavam o umbigo de fora e algumas blusas descobriam os ombros. Nos pés, as modelos usavam babouches ou sandálias de dedo abertas atrás.
Os tecidos utilizados foram principalmente viscose, seda e linho.
As brasileiras Shirley Mallmann e Renata Maciel desfilaram para o estilista japonês.
Revival
Já o francês Jean-Charles de Castelbajac foi buscar inspiração no começo dos anos 80.
No desfile que ele apresentou ontem, estampa de oncinha era combinada com blazer de listras multicoloridas. As saias eram rodadas e iam até o chão.
Alguns vestidos eram inspirados na Jamaica, misturando amarelo, vermelho, verde e preto. Na frente, estampavam folhas de maconha ou o rosto do cantor Bob Marley. Para acompanhar, o reggae era misturado a uma batida dance.
Mas o desfile mais disputado de ontem foi o da inglesa Vivienne Westwood, mãe do estilo "punk". A estilista havia distribuído apenas 200 convites.
Na passarela, os decotes e a opulência das modelos deixavam clara a obsessão da estilista com os seios. Os looks incluíam de vestidos rodados típicos do século 18 em cetim multicolorido e minissaias de vinil brilhante.
As coleções de Jacques Fath, Helmut Lang e Jean-Paul Gaultier também foram apresentadas ontem.
Gaultier se inspirou na pintora mexicana Frida Kahlo para criar seus modelos. O destino trágico da artista foi simbolizado por gazes com "lágrimas de sangue" desenhadas.

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