São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Envolvidos no caso negam irregularidades

DA REPORTAGEM LOCAL

Ivo Ferreira Gomes, irmão do ex-governador Ciro Gomes, disse que era advogado da empresa CMK, que teve contratos com o governo cearense. Segundo ele, somente o sociólogo Antonio Lavareda, sócio inicial da firma, poderia esclarecer sobre o assunto.
"Essa coisa da CMK... eu era advogado, mas não era judicial, era alguma coisa administrativa que eu não me recordo e nem posso te dizer o que que é", disse. "Quem pode dizer isso para você é o Lavareda, que é hoje assessor lá do presidente da República."
Segundo o irmão de Ciro Gomes, o seu escritório funcionava no mesmo andar, mas em salas diferentes das empresas CMK e Criação Ilimitada, ao contrário do que registram os documentos que as empresas protocolaram em cartórios do Ceará e São Paulo.
Ivo Gomes insistiu em dizer que somente Lavareda poderia responder sobre o assunto: "Não me incomodo que ele diga. Eu não posso dizer porque advogado é igual a padre, mas ele pode liberar a informação para você".
O irmão do ex-governador admite que pode ter sido também advogado da Criação Ilimitada. "Posso até ter sido advogado deles nalguma coisa", disse. "É só perguntar ao Lavareda, que é nosso adversário agora, ele pode dizer o que bem quiser."
Lavareda informou que ficou na CMK só do início do governo Ciro (1991) a dezembro do ano seguinte. Disse que fez negócios dentro da lei e que sofreu prejuízos com a empresa. Ele se recusou a comentar as declarações de Ivo Gomes.
O publicitário Einhart Jacome da Paz, cumhado de Ciro Gomes, disse que exerceu função de procurador da CMK a pedido de Lavareda, que era dono da empresa e não tinha tempo para administrar a empresa em Fortaleza.
Sócio da empresa Diana, em São Paulo, Einhart informou que a sua relação com a Criação Ilimitada era apenas como produção de anúncios do governo cearense.
"Tinha trabalhado na campanha do Ciro e fiquei morando um tempo em Fortaleza por causa da minha mulher, que fazia um curso de medicina e não podia ser transferida", conta o publicitário. "Fui procurador da CMK para quebrar um galho para o Lavareda, que tinha ocupações em Recife."
Segundo Jacome da Paz, o negócio no Ceará era menos interessante financeiramente do que cuidar da Diana. "Levei uma prensa dos meus sócios (de São Paulo), pois Fortaleza não compensava."
O cunhado do ex-governador disse que nunca tirou proveito da proximidade com Ciro, sendo só seu vizinho na capital cearense.
Jacome da Paz informou ainda que Fracisco José de Mesquita, acusado de ser "laranja" das empresas, trabalhou com ele na Diana, mas não soube mais do seu paradeiro. "Esse cara, parece que ganhou uma herança em Minas e gostava de entrar em negócios, como as empresas do Ceará", disse.
A Folha tentou localizar Mesquita em São Paulo, durante duas semanas, sem sucesso, nos endereços registrados nos documentos da CMK e Criação Ilimitada.
Fernando Augusto da Silva Costa, sócio da Criação Ilimitada, afirmou que sua empresa prestou serviço ao governo Ciro, mas que os negócios foram legais. "Tanta coisa para vocês se ocuparem, agora vêm querer saber desse personagem (Einhart Jacome da Paz)."
O publicitário Evandro de Castro Abreu, que figurou como sócio da CMK, disse que ficou na empresa "apenas três meses". Segundo as procurações de cartório, ele permaneceu de 3 de dezembro de 1992 a 21 de fevereiro de 94. A Folha não conseguiu localizar Francisco Borges Cavalcante, sócio minoritário (apenas 2%) de Lavareda na CMK.

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