São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Alunos aprendem em negócio próprio

SILVIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Como estudante universitário, o que você escolheria: ser estagiário ou trabalhar em uma empresa gerenciada por você mesmo?
Muitos já optaram. Em vez de batalhar por um estágio, fundaram seu próprio negócio dentro da faculdade ou universidade.
Batizadas de empresas juniores, essas organizações já somam mais de 50 só no Estado de São Paulo. O Brasil já é o segundo país do mundo em número de empresas juniores (são 200), só perdendo para a França (cerca de 300). Vários Estados possuem até federações, como a Fejesp (Federação das Empresas Juniores de São Paulo).
A empresa júnior é uma associação sem fins lucrativos, formada e gerenciada exclusivamente por estudantes de uma determinada faculdade ou universidade. Possui a estrutura tradicional de uma empresa: organograma (presidente, diretor financeiro etc.), impostos e contas a pagar e demais obrigações e características.
Sua principal atividade é dar consultoria e desenvolver projetos para micro e pequenas empresas, que não poderiam pagar pelo serviço de um profissional.
Os professores sempre dão orientação, mas quem coloca a mão na massa são os alunos. "A grande vantagem é poder vivenciar na prática aquilo que se aprende em sala de aula", diz Bruno Telles, 21, presidente da Poli Júnior e aluno do 3º ano de engenharia mecânica da Poli (Escola Politécnica da USP).
Um dos últimos negócios da Farma Júnior (empresa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP) exemplifica bem o funcionamento das empresas juniores. Um pequeno empresário encomendou um projeto de um "shake diet". O contrato foi assinado, o orçamento (que costuma ser um décimo do cobrado por um profissional), aprovado, e uma equipe da Farma Júnior desenvolveu o "shake", que já está à venda.
"É muito gratificante ver o produto criado pela sua empresa sendo comercializado", diz Melina Vieira Calasans, 22, aluna do 5º ano de farmácia.
Qualquer área pode ter a sua empresa júnior (de ciências sociais a veterinária) e desenvolver projetos para todo o tipo de cliente. "Estou criando uma máquina de cortar pimenta para uma fábrica de conservas", conta Fernando Ozeki, 18, calouro da Poli.
Aliás, uma das vantagens dessas organizações é que o aluno já pode participar desde o início do curso.
Os interessados em fundar uma empresa na faculdade devem procurar a Fejesp (leia endereço abaixo). É bom lembrar que o trabalho costuma ser longo, e o dinheiro, curto.
Em geral, os estudantes que gerenciam o negócio não recebem nada. E, quando recebem, o salário não costuma passar de R$ 300 por mês, mesmo valor pago aos estudantes contratados.
"O objetivo não é ganhar dinheiro, mas complementar o ensino da faculdade e ganhar experiência para o futuro", diz Fernanda Tamate, 18, da Júnior ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

Onde obter informações sobre empresas juniores: Fejesp, tel. (011) 818-4429; endereço eletrônico: www.usp.br/unidades/júnior e "A Empresa Júnior no Brasil e no Mundo", de Franco de Matos, editora Martin Claret

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