São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Argélia fecha estádios e mercados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo argelino ordenou que mercados e estádios fossem fechados e que caminhões de carga fossem mantidos fora das estradas por até cinco dias, na tentativa de evitar ataques da guerrilha fundamentalista islâmica durante as eleições locais, marcadas para quinta-feira.
Essa é a primeira eleição para autoridades locais em mais de 1.500 cidades e nas 48 capitais das províncias do país, desde junho de 1990, quando a Frente de Salvação Islâmica, de orientação fundamentalista, derrotou a maior parte das autoridades então no poder.
O governo disse que os mercados deveriam fechar suas portas por cinco dias a partir de hoje.
Todos os caminhões que transportam areia, madeira e material de construção deverão permanecer fora das estradas do país no mesmo período. "Caminhões que transportam combustível serão impedidos de circular por três dias a partir de quarta-feira", afirmou comunicado do governo.
Esses veículos, incluindo betoneiras, têm sido utilizados em atentados a bomba com efeito devastador.
Ontem, o Ministério dos Esportes deu ordens para que os estádios fossem fechados e as atividades esportivas, adiadas por quatro dias a partir de quarta-feira.
Sábado pela manhã, uma bomba explodiu em um restaurante num shopping center do bairro de Ben Aknoun, na capital Argel. No atentado, nove pessoas ficaram feridas, três gravemente, informou o jornal "El Watan".
É grande o número de pessoas que morreram na onda de atentados a bomba que ocorreu em Argel em janeiro deste ano. Várias delas explodiram no bairro de Ben Aknoun no período de ataques mais intensos.
O pior atentado ocorreu em janeiro de 1995, quando um carro-bomba dirigido por um suicida explodiu no principal posto policial da capital, matando 42 e ferindo 300 pessoas.
Após vários atentados em locais públicos, centenas de milhares de eleitores permaneceram em casa nas eleições parlamentares de junho. A taxa de comparecimento de eleitores em Argel foi a menor do país (45%), comparada com a média de 70%.
Cerca de 60 mil pessoas já morreram desde que as autoridades argelinas cancelaram eleições gerais em 1992, nas quais os partidos fundamentalistas islâmicos tinham vencido o partido governista.
Banidos da política pelo governo militar, os grupos fundamentalistas iniciaram a guerra civil, atacando civis não-simpatizantes e alvos estrangeiros.

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