São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997 |
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Oferta de atrações gera dilema
EDSON FRANCO
Instalado esse impasse, alguns critérios podem ajudar na decisão final. Os mais importantes deles são a qualidade dos serviços e a localização dos clubes. Comecemos pelo Legends. Ele é propriedade do guitarrista de blues Buddy Guy. Esse fato é responsável por tudo o que o clube tem de bom e de ruim. Em resumo, há um desequilíbrio entre o conforto proporcionado para os músicos e aquele dedicado à platéia. Para compensar, o Legends está numa área tranquila da cidade e mantém uma programação tentadora. Se o show de um blueseiro famoso começar às 22h, chegue ao Legends até as 20h. Caso contrário, você pode ficar até cinco horas de pé. E não há músico que compense o surgimento de varizes. Dose dupla Sentar é um problema menor no Kingston Mines. A casa possui dois salões com palcos próprios. Quando a música acaba em um deles, a platéia inicia uma divertida migração para o salão vizinho. Ou seja, se você assistiu a um show de pé, procure ficar próximo do corredor que liga os salões. Resolvido o problema do conforto, você passa a reparar na aparência decadente, nos avisos escritos à mão na parede e na necessidade secular de tirar o pó do palco. Mas isso embala a aura mitológica que reveste o lugar, que já abrigou Koko Taylor, Otis Rush e Son Seals. Estamos falando de tradição, e com ela não se brinca. Uma última vantagem de visitar o Kingston Mines está do outro lado da rua. Trata-se do B.L.U.E.S. O nome diz tudo. Pequeno, escuro e desconfortável, esse clube oferece a oportunidade de acompanhar os shows em um clima mais intimista. A proximidade é tamanha que é difícil resistir à tentação de esticar o braço e diminuir o volume do amplificador do baixista, que teima em encobrir solos de guitarra. Com duas filiais na mesma rua, o Blue Chicago é outro clube voltado para os ouvintes que querem estar perto dos músicos. Caso você chegue meia hora antes do início do show, vai acompanhar o ritual de montagem do palco. Modéstia é a virtude inquestionável da casa. Aventura Para o blueseiro que quer aproveitar a estada em Chicago para conhecer um pouco os bairros étnicos, a cidade oferece dois clubes: o Checker Board Lounge (com vizinhança negra) e o Rosa's Lounge (em bairro mexicano). Além do amor pelo estilo, o blueseiro disposto a visitar essas casas deve ter uma dose extra de coragem para entrar em duas das regiões com a aparência mais barra-pesada da cidade. Quem mora em São Paulo já viu coisa pior. A coragem compensa. As casas são espaçosas, abrigam shows de músicos fundamentais e propiciam o porre mais em conta da cidade. Se, apesar disso, o medo persistir, faça como Bill Clinton e peça uma redoma de vidro ou armas pesadas ao governo dos EUA. (EF) B.L.U.E.S.: 2.519 North Halsted St., tel. (001-773) 528-1012 Blue Chicago: 536 e 736 North Clark St., tel. (001-312) 642-6261 Buddy Guy's Legends: 754 South Wabash Ave., tel. (001-312) 427-0333 Checker Board Lounge: 423 East 43rd St., tel. (001-312) 624-3240 Kingston Mines: 2.548 North Halsted St., tel. (001-312) 477-4646 Rosa's Lounge: 3.420 West Armitage Ave., tel. (001-773) 342-0452 Texto Anterior: Metrópole é a usina hidrelétrica do blues Próximo Texto: Museu deixa o presente do lado de fora Índice |
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