São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997 |
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Cubanos reconstroem hábitos na cidade
SUZANA BARELLI
Situado ao sul da cidade, o local tem muitas características capazes de fazer com que os cubanos se sintam em casa, e muito bem. O ambulante Luiz Córdoba é um exemplo. Ele comercializa frutas e verduras tropicais nas ruas de Little Havana em um carrinho de supermercado. Cobra US$ 1 por embalagem, que pode ter bananas e maçãs, entre outras frutas. "Também vendia frutas em Cuba antes de vir para cá, há 20 anos", diz Córdoba, aposentado. Seus clientes, conta, são os cubanos, não os norte-americanos. Assim como Córdoba, milhares de cubanos seguiram o mesmo caminho, fugindo do governo comunista de Fidel Castro nos últimos 20 anos. O bairro os acolheu muito bem. Há festas típicas do país, espaço para aposentados, restaurantes típicos (mas é melhor optar por um fast food) e até as conhecidas tabacarias. As placas nas ruas são escritas em espanhol. As músicas tocadas nas inúmeras lojas de discos também não deixam dúvidas: são lambadas, salsas e até samba. O atendente pode ser boliviano, venezuelano... Será latino muito provavelmente. No bairro, é comum encontrar homens vestidos com "guayaberas" (a camisa típica caribenha) que parecem saídos diretamente de Havana. Política Junto com a cultura, os cubanos trazem suas convicções políticas. São fervorosamente contra Fidel Castro e criticam os países que ainda mantêm relações diplomáticas ou comerciais com o país. O aposentado José Padin, 73, é capaz de segurar você pelo braço, olhar no seu olho e fazer críticas ao fato de o Brasil ter reatado as relações diplomáticas e comerciais com o país de Fidel Castro. Não há argumento capaz de convencê-lo ou diminuir a sua raiva. O melhor caminho, talvez, seja dizer -em "portunhol", jamais em inglês ou espanhol- que você não está entendendo nada da conversa. No Domino Park (leia texto nesta página), não convém ter opiniões diferentes sobre o governo cubano de Fidel Castro. Os aposentados que se reúnem para jogar dominó e conversar nesse parque travam discussões inflamadas sobre quem é mais anticastrista. O guarda local é o único norte-americano nato. Ele conta que muitos aposentados gostam de discutir sobre o jogo, mas acabam se entendendo depois de alguma confusão. Texto Anterior: Laranja semeou o crescimento Próximo Texto: Parque reúne aposentados Índice |
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