São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
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Palmito agora trará selo de qualidade

ROBERTO DE OLIVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS

Para aumentar a participação do palmito cultivado no mercado, produtores criaram um selo que atesta a sua qualidade.
O selo tem ainda o objetivo de desestimular a extração ilegal do palmito natural.
"Será um aliado para conquistar a confiança do consumidor, tanto na área de saúde quanto na área ecológica", diz Otacílio José Coser Filho, 43, presidente da Abrapalm (Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado).
Criada no início deste ano, a entidade, cuja sede fica em Vitória (ES), tem 64 produtores de palmito cultivado (pupunha).
"Para que o palmito possa ganhar o selo de qualidade e ser comercializado, nossos técnicos terão que avaliar a produção e o envasamento do produto", afirma.
Segundo ele, a extração do palmito natural juçara e açaí, originários da mata Atlântica e da floresta Amazônica, respectivamente, pode levá-lo à extinção.
A extração de palmito natural é proibida no Brasil pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Paulo José Prudente de Fontes, coordenador da área de manejo florestal do Ibama, não sabe dizer quanto de palmito natural é extraído anualmente, mas afirma que grande parte é de forma ilegal.
Segundo Fontes, há, porém, uma forma legal de extração.
Isso ocorre quando empresas retiram o produto dentro de um plano de manejo florestal que tanto pode ser feito por meio de cortes que permitem a rebrota quanto por replantes.
Fontes também não soube informar quantas empresas operam dentro desse programa de manejo.
Ele diz que o Ibama aprova a iniciativa de criação do selo.
Coser Filho, da Abrapalm, diz que o selo pretende ainda alertar consumidores sobre as precárias condições sanitárias decorrentes do processo de envasamento do palmito nativo.
Mercado
O selo também será um forte aliado para que produtores de palmito cultivado ampliem sua participação no mercado, que no país movimenta cerca de US$ 500 milhões por ano, estima a entidade.
Atualmente, o palmito cultivado detém apenas 1,5% desse mercado.
Dentro de dois anos, com o selo de qualidade, a Abrapalm estima que esse índice possa chegar a 15%.
"O produtor de palmito cultivado colhe o produto o ano todo", afirma Antonio Jardim Borges, 37, que está investindo em palmito cultivado em Angra dos Reis (RJ).
Ele começou plantando palmito cultivado há sete anos com apenas 15 mil pés em 3 ha.
Borges viajou para a Costa Rica atrás de pesquisas sobre o palmito cultivado. Hoje, o Palmito do Frade, nome do seu produto, ocupa 40 ha em uma fazenda e dois sítios na região de Angra dos Reis com 200 mil pés.
Ele vende 1,5 t/mês de palmito principalmente para hotéis e restaurantes do Rio de Janeiro.
A partir de dezembro próximo, Borges estará comercializando o palmito cultivado em conservas.
Ele adverte que "muitas vezes o palmito nativo é retirado de forma ilegal e embalado na própria mata sem qualquer higiene".
Na opinião de Manoel Dantas, produtor do Palmito Frunorte, de Assu (RN), é fundamental o lançamento do selo de qualidade para educar a população sobre o consumo do palmito cultivado.
"O processo de fabricação do palmito natural muitas vezes é clandestino e põe em risco a saúde da população", diz.
Dantas possui 400 mil pés de palmito cultivado em 80 ha irrigados. Ele está colhendo 5 t/mês.

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