São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997![]() |
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Verba da Ceron vai para obras
LUCIO VAZ
O dinheiro que será colocado na Ceron, da Eletrobrás, entrará diretamente no caixa do governo de Raupp, como pagamento de parcelas do ICMS não recolhidas ao Estado. Isso está previsto no acordo fechado entre o governador, a Eletrobrás e o BNDES. A Ceron deve R$ 77 milhões em ICMS ao Estado. Ocorre, porém, que o Estado deve R$ 66 milhões à Ceron, referentes ao não pagamento de faturas de energia elétrica emitidas pela empresa. Se houvesse um encontro de contas, a Ceron pagaria apenas R$ 11 milhões ao Estado. Mas o governador encontrou uma fórmula mais criativa para saldar a sua dívida com a empresa e ainda ficar com dinheiro para gastar em obras. Vai pagar a dívida a prazo e receber o crédito à vista. "Vamos pagar essa dívida com o ICMS a vencer. Pelo acerto, pagaremos cerca de R$ 1 milhão por mês. Só que o valor não é R$ 66 milhões. Não reconhecemos esse número. Os cálculos ainda estão sendo feitos", disse Raupp à Folha. A Folha teve acesso ao demonstrativo de débito do consumo de energia elétrica dos órgãos públicos, empresas estaduais e autarquias feito pela Divisão de Engenharia Comercial da Ceron. Os órgãos públicos devem R$ 37,8 milhões, as empresas estaduais e autarquias devem R$ 8,7 milhões, e a Caerd (Companhia de Águas e Esgotos), R$ 22,1 milhões. Pelos cálculos da Ceron, o principal da dívida é de R$ 30 milhões. R$ 24,8 milhões são de multa, e R$ 13 milhões, de juros. Em gravação de conversa telefônica obtida pela Folha, Raupp disse ao deputado Emerson Olavo Pires (PSDB-RO) que vai usar o dinheiro recebido em obras no Estado, para viabilizar sua reeleição. "Se eu tocar esse programa de obras, eu consigo ganhar essa eleição no primeiro turno", disse o governador. Texto Anterior: RS usa dinheiro na área social Próximo Texto: A Folha de ontem na opinião do leitor Índice |
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